06/11/2006

Não Te vás...

Correm os dias atabalhoados sem ninguém perceber para onde vão!
As árvores estão quase despidas e os dias permanecem cinzentos e escuros.
Já não se vêm nem ouvem as aves do céu a esvoaçar e a encher os dias com cantos alegres cheios de vida, amor e esperança.
Agora os dias são cada vez mais curtos e a noite invade-nos apressada o coração.

Procuro-Te por todo o lado e permaneces escondido no silêncio da Tua casa.

Os meninos escolhem o agasalho dos espaços fechados para afastarem a tristeza para bem longe. Já não se passeiam de mãos dadas pelos corredores, nem mostram os olhares cúmplices dos primeiros amores que despertam.
Agora fecham-se na biblioteca.
Não, o objectivo não é ler. Esse hábito desapareceu dos bancos da escola. Procuram os computadores e, sempre que se apanham sozinhos, vão fazer visitas a sítios sem dignidade e proibidos. Ninguém os controla! Também é impossível! Conhecem todos os truques para enganar funcionários e professores. Uns "passeiam"! Outros vigiam! É o jogo das escondidas. É o lixo que a sociedade lhes dá para usar e abusar, conhecendo muito bem os limites do que está correcto ou não.

Hoje visitei a biblioteca da escola e pude perceber algumas coisas.
O televisor ligado. Uma grupo de alunas sentadas em frente. Passava mais uma telenovela. Só lixo! É isto que alimenta os seus dias e os seus saberes. Estudar? Dá trabalho e cansa!

E eu deixo-Te escondido na Tua casa!

A escola, local de cultura, transformou-se também em local de alienação.

Vive-se a cultura do lixo e do não-saber.
O espírito de escola está a cair em desuso. Em seu lugar está a surgir o local onde se passa parte do dia sem causar muitos problemas em casa porque os meninos estão arrumados no armazém que irá abrir as suas portas no final do dia.
A escola é vista como o "emprego"! Quando se está lá não há problemas.

E há tantos!
Desobediência, falta de educação, violência e... até aquelas coisa ilícitas que entram pela mão de alguns alunos que pretendem iniciar os menos avisados nos caminhos de outros agentes!...

Que fazer?
Como fazer?
Como levar-Te para o meio deles?
Estão de ouvidos fechados e olhos bem cerrados para que nada nem ninguém lhes atrapalhe o caminho...
Há tanto para fazer!

Não Te vás embora.
Volta para junto de nós e ilumina as nossas trevas.
O Inverno já se aproxima e com ele a tristeza de saber alguns perdidos.
Eu não quero abandoná-los, mas eles não deixam ninguém aproximar-se.
Rastejam para o seu mundo negro e, tão novinhos, começam a perder o sentido da vida, porque perderam a esperança.

Não Te vás, fica e aquece de novo os nossos corações.
Traz de volta o calor do Teu amor e o sorriso dos adolescentes.
Ensina-os a cantar para Te puderem louvar!

3 comentários:

J disse...

Que texto tão bonito!

JRSJ disse...

Nascemos sem termos pedido...
Quando nos descobrimos pessoas, já estavamos "habitados", estruturados alicerçados pela nossa familia, mais particularmente pelos pais e irmãos.
Começar a construir a nossa vida implica, agarrá-la nas mãos e concretizar possibilidades, escolher pessoas certas no nosso caminho.

Obrigado, Andante pela atenção dedicada ao "maravilhoso outro".
Obrigado, pela simplicidade e pela não desistência das coisas em que verdadeiramente acredita.

A vida constroí-se de pequenos "nadas"... e não de tempo gasto inutilmente.

Vou tentando caminhar na esperança de que ninguém fique mais pobre ou mais triste por me encontrar nos caminhos da vida.

Estamos unidos no mesmo Espírito, do nosso Bom Deus.

Boa peregrinação!

Andante disse...

Joana, João e Poly

Há um caminho que se nos aponta. Esse caminho não é fácil, mas é o caminho que nos conduz a Ele.
Nesta minha caminhada busco-O incessantemente, pois só com os olhos postos nEle é que consigo sobreviver a tantas pressões e a tantos desafios.

Beijos peregrinos