01/04/2012

PRESTAR ATENÇÃO AOS OUTROS NA SANTIDADE

Jornada do Domingo de Ramos A mensagem do Papa para a Quaresma exorta-nos a prestar atenção a todos, de forma a estimular ao amor e às boas obras. Para isso, devemos, através de um coração sincero, ter plena segurança da fé, sem nunca perder a esperança e, todos juntos, manifestarmos esse amor e boas obras. A Fé, a esperança e o amor, irão acompanhar a nossa meditação ao longo da caminhada deste Domingo de Ramos que é de festa e faz memória da entrada de Jesus em Jerusalém. Assim, vamos prestar atenção ao outro, uns aos outros, para caminhar juntos na santidade. 1. Prestar atenção! Leitor 1: Prestar atenção é o convite à responsabilidade pelo irmão. Ao longo dos Evangelhos apercebemo-nos de um Jesus preocupado e vigilante. Preocupado com o bem-estar dos seus e daqueles que o seguiam. Vigilante, pois, com um sexto sentido, se apercebia das dificuldades e daquilo que era fonte de doença e perturbação. É aqui que tudo muda! Leitor 2: Tal como Jesus temos que estar atentos aos outros. Nós, que temos que nos preocupar com os mais infelizes da sociedade, com os que mais sofrem, com os que vivem rodeados por imensa solidão de amor e de atenção. E é aqui que entra a fé. O que é a fé? É apenas o acreditar sem amor, ou o acreditar atento, o acreditar fraterno? Será que a fé se resume à frequência dominical e à “reza” distraída de algumas orações sem pensarmos naquilo que estamos a dizer? E podemos pensar em: “Pai-nosso”. Aqui rezamos sem orar: dá-nos o pão de cada dia e perdoa-nos como nós perdoamos. Pois! Que pão é este? Que perdão é este? Leitor 3: Faz-nos sentir capazes de nos ultrapassarmos e abrirmos o coração, nós que andamos tao distraídos e atarefados e absorvidos por nós próprios que perdemos a humildade e o sentido do outro. Este é o tempo favorável para sentir, pensar, olhar e perceber. Este é o tempo favorável para o despertar interior no sentido do outro. Ouve, Senhor, dá-nos uma forma nova de sentir e de pensar, de olhar e estar atentos, de ver e perceber para que eu seja capaz de orar sem rezar e dizer com toda a intensidade e toda a força do coração: Pai-nosso… 2. O dom da reciprocidade, prestar atenção aos outros Leitor 1: Esta paragem traz-nos um conceito novo – somos guardas uns dos outros. O dom da reciprocidade exorta-nos à aceitação de todos, respeitando a sua liberdade. O que é a liberdade? Onde está a liberdade? Para que serve a liberdade? Leitor 2: Temos que pensar a liberdade como o bem mais precioso que Deus deu ao Homem. A liberdade de ser e sentir-se livre. Mas… Há sempre restrições! A liberdade do outro que não pode nem deve chocar com a minha própria liberdade. Ser livre é ter o outro no horizonte, preocupar-se com ele e estar atento às suas necessidades. É então que surge o novo conceito: somos guardas uns dos outros! Ser-se guarda é sentir e vivenciar com o próximo, que não é apenas aquele que está ao nosso lado, a humildade, a alegria, a tristeza, isto é, o amor. Ser guarda é viver em comunhão, isto é, ser “assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações.” (Act 2, 42). E assim “nasce” uma nova vida, num novo corpo que se pretende que viva em profunda comunhão, pois em sociedade não somos ilhas, somos recíprocos. Sem os outros deixamos de valer por nós próprios, como ser social, sociável e pensante. Desta forma, em comunhão, somos Igreja viva que está atenta e que se preocupa. Somos responsáveis e corresponsáveis de uns com os outros. Leitor 3: Então, caminhamos uns ao lado dos outros, de olhos postos no horizonte, na direita e na esquerda para não nos esquecermos que este Corpo vivo tem, na sua cabeça, o Homem que venceu a morte e enfrentou os poderosos do seu tempo. Tem na sua cabeça o Homem que desafiou os poderes religiosos e civis, na sua procura incansável pelo bem-estar de todos os que o rodeavam. Obrigada, Senhor, pela tua mensagem de liberdade e coragem, de amor e atenção, de vida e esperança porque, contigo, podemos dizer, de peito aberto, que, por ti, temos o mesmo Pai: Pai-nosso… 3.ª Caminhar juntos na santidade Leitor 1: E somos convidados/chamados à santidade. A santidade é uma construção diária que se vai conquistando ao longo do caminho. Chega-se à santidade pela persistência. Ser santo não é ser santinho… Ser santo é estar atento e, tal como Jesus, sentir o pulsar da sociedade. Tal como Jesus, perceber onde é mais importante estar, para ser. Ser santo é acreditar em si, acreditar na Igreja, acreditar nos outros. Por isso, somos convidados a realizar as boas obras, de olhos postos no Pai. O Pai que nos amou e que nos ama. O Pai que caminha ao nosso lado e nos vai dando a mão, mesmo sem o percebermos. É neste caminhar que crescemos e que a Igreja de Jesus cresce. Ela cresce connosco e para nós. E é por aí que segue o caminho, um estímulo constante para chegar à plenitude do amor e das boas obras. Leitor 2: Mas este caminhar não se faz sozinho. A nosso lado vai soprando o vento morno do Espirito de Deus que não nos deixa amodorrar nem adormecer. Se no princípio todos somos iguais, pois recebemos as mesmas “riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal”, no fim seremos avaliados pela forma como os soubemos utilizar e colocar ao serviço da humanidade, tal como nos é pedido. Leitor 3: No fim da nossa caminhada, Senhor, permite que nos tornemos capazes de, em todo o lado, manifestar a tua festa e a tua alegria e que saibamos responder à tua vontade de caminhar juntos na santidade e sermos capazes de dizer com consciência e convicção a oração que tu nos ensinaste: Pai-nosso…

03/03/2011

Hoje apetece-me...

Hoje apetece-me rezar Jesus.
Jesus de Nazaré que foi perdendo a identidade e se tornou o Cristo da cristandade.
Jesus de Nazaré, o do Reino de Deus, promessa de vida plena pela Páscoa!
Jesus do primeiro anúncio que pela acção do Espírito se tornou Deus connosco.
Jesus que nos mostrou uma História e deu a conhecer um Projecto. Um Projecto de vida, de esperança e de confiança.
Jesus História da Liberdade e da Libertação pelo Amor que transmitiu e viveu.
Jesus coerente que se manteve firme até ao fim, embora tenha sentido ganas de desistir.
Jesus Homem-Deus sofredor.
Deus Homem-Jesus que aprendeu na carne a sentir fome, sede, cansaço, perigo e até a tentação do pecado.
Jesus Homem-Deus que foi seduzido pela riqueza e pelo poder e que soube dizer não.
A capacidade de saber dizer não e a luta contra o mal, contra o pecado.
A luta entre o ter e o ser, entre o bem e o mal, entre o pecado e a salvação.
É este Jesus Homem-Deus que eu quero rezar. Ele é o meu modelo e mostrou-me o seu Projecto. Ele ensinou-me a História da vida que é o amor. Ele pregou-me o Sermão da Montanha e indicou-me o caminho. Ele transformou-se em vida no momento da sua Páscoa e transmitiu-me o sentido novo da vida.
É a este Jesus História, Projecto, Amor, Caminho e Páscoa que eu quero rezar, sentir e seguir.

20/11/2010

retiro 6


E ao terceiro dia…
Fez-se a festa do mergulho que ceifou a vida do Homem Velho.
O que emergiu das águas foi o Homem Novo, redimido pela força da brisa que pairava sobre as águas informes do princípio dos princípios.
E aconteceu a festa do Reino, onde todos juntos acolheram e acolhemos o novo ser vivente que se deixou transfigurar para dizer, pela força do sim e do sorriso, que estava disponível para abraçar o novo caminho que se abriu à sua frente.
Obrigada Márcia pelo teu sim e pelo sim, acredita que eu própria proclamei ao mesmo tempo que tu, que nos tornou corpo vivo que se transformou em dança poderosa que jamais deixa de se dançar pois passamos do caos ao cosmos, tornando-nos profetas da vida e da palavra e salmistas que convergem na alegria e na comunhão da cabeça, que é Jesus de Nazaré.
Jesus modelo.
Jesus palavra.
Jesus vida re-suscitada.
Jesus obra-prima do Criador!
E nesta luta, Jesus mostra-nos o caminho. O caminho do Espírito que permanece e que lhe vai fazendo justiça. Pois, quando um se abre ao caminho do Espírito está a abrir-se ao próprio Deus Criador que faz profetas, faz salmistas e faz o próprio Jesus.

18/11/2010

retiro 5


Jesus, o filho de Deus, em constante devir pelo Espírito de Deus.
E começou a actuar logo no início.
“No princípio era o Verbo…”
O Verbo que é Jesus em gestação desde o princípio dos tempos.
Jesus começou a ser gerado enquanto o Espírito vagueava sobre as águas de um mundo informe e inexistente. Um mundo que começava a ser sonhado e a crescer durante seis longos dias até à plenitude do sétimo dia. E só ao sexto dia, já tarde, apareceu a obra-prima: o Homem soprado para a vida pelo sopro do Espírito.
Jesus deixou-se abrir à sua acção generosa e foi-se construindo ao longo dos tempos.
Jesus, a obra maior da criação!
Jesus disponibilizou-se para se deixar invadir continuamente pelo Espírito.
Não, não é obra de um dia ou de um momento, mas obra de uma vida que se faz acontecer.
O Espírito que vai marcando o ritmo do ser, sempre que actua:
• no princípio
• no profeta
• no salmista
• em Jesus.
É o ritmo cadenciado da festa que está a acontecer e que plenificou no dia da Páscoa, quando pela vontade do Pai, foi revestido pelo Espírito e tornos à vida. Jesus, a obra mais importante do Pai que se revê nele e se sente nele.
Então, Deus disse-se por Jesus, gerado por toda uma eternidade q que, pelo Pai, chegou ao sétimo dia. O dia da festa, da glória, da vida.
Aí sim, tornou-se na obra-prima do Pai porque é a mais cuidada. A obra-prima de um Artífice que ousou sonhar e acolher cheio de ternura um povo que quase nunca soube ser porque não entendeu!
Jesus respirava Pai, vivia Pai, falava Pai.
Ele e o Pai tornaram-se um, animado pelo Espírito que vogava desde o início e não se cansa de transmitir a força ao profeta e a palavra ao salmista.
O Espírito que fez passar do caos à ordem e não se cansa de organizar e organizar-se perante o pecado.
O Profeta do exílio!
O Profeta do Reino!
O Profeta que não se cansa de procurar e de fazer Reino no meio da confusão dos dias que deixaram de escorrer e passaram a correr de forma avassaladora para um novo caos.
O pecado de se querer tornar igual a esta família e transformar-se em próprios deuses salvadores de uma nova geração.
E o Pai vai gerando profetas à semelhança de Jesus que ostentam nomes improváveis:
Gandhi
Martin Luther King
Dalai Lama,,, arautos de um evangelho manifestado por uma vida impoluta e transformadora de uma sociedade autista, fechada sobre si própria, sem ouvidos para a verdade.
Deus fazedor de profetas e salmistas.
Deus criado e re-criado em Jesus de Nazaré.

17/11/2010

retiro 4


O Espírito de Deus faz salmistas

O silêncio que vai crescendo e se vai transformando.
Deixa de ser um turbilhão, um nunca mais acabar de ruídos insidiosos que não param de atormentar.
O silêncio que se transforma e se deixa ouvir.
Deixou de ser ruído.
Passou a ser resposta.
Enquanto isso, o salmista deixa-se invadir por angústias e temores; inseguranças e desesperos; traições e devaneios. O indivíduo que se enche de palavras e não consegue sossegar. O homem que não vê e não quer ver e o silêncio que grita e não deixa ouvir.
E o salmista sou eu!
Eu que sou perseguida por fantasmas aviltantes perdendo quase sempre o chão e o norte. Sinto-me carregada com fardos de chumbo bem cinzento que não vislumbra qualquer parcela de branco lá bem no fundo do túnel. O silêncio que dói e faz doer. O silêncio dos ouvidos fechados e o coração endurecido. O silêncio que perturba e tolhe. E, à medida que escrevo, vou sentindo que qualquer coisa começa a mudar.
Deixo-me envolver pelo silêncio e paro!
Paro no sentido literal da palavra, não é figura de estilo ou retórica.

Deixei-me envolver pelo canto alegre dos pássaros que festejam os raios de sol que de tempos a tempos conseguem furar a cortina de nuvens e aquecer os seus ninhos desprotegidos. Como se irão sentir à medida que se vão aproximando os rigores outonais?
O canto dos pássaros ajudou-me a abrir o coração e a ouvir o sussurro do vento que lentamente e, tal como os raios de sol, me vão aquecendo interiormente fazendo despontar os sentidos e colocar-me a jeito de fazer oração.
Não me canso de escutar para conseguir perceber. A oração dos sentidos e com sentido.
A oração de louvor e acção de graças por aquilo que o silêncio foi capaz de me proporcionar: a alegria de saber que esperas ainda muito mais de mim.
Mas… eu dou tão pouco e estou sempre pronta a receber!
Não é isto a minha maior limitação?
Eu querp parar para perceber, para Te perceber.
Ver para conseguir louvar.
E, com tudo isto, deixar-me envolver pelo Espírito que vai deslizando e respirando. Pelo espírito que “agarra”, “amarra” e se transforma na oração mais deslizante e singela que é o poder louvar sem limites e sem barreiras.

16/11/2010

retiro 3


Possa!
Então o Espírito de Deus faz profetas?
Gosto disto
E teria repetido, entre montanhas, e gritado bem alto que o Espírito de Deus faz profetas e ouvir o eco a devolver-me, vezes sem conta, a mesma frase.
O Espírito de Deus faz profetas.
O indivíduo que ouve e faz sem medo, mesmo que seja mal compreendido.
Será que não tem medo?
Claro que tem, mas transporta em si a força do próprio Espírito que abre fronteiras e o ajuda a transbordar tudo o que tem que ser dito e ser feito.
Pois não é profeta quem quer, mas quem o Espírito bafeja.
E sussurra ao ouvido, qual sopro quente que agita e faz ferver o coração em sobressalto.
O soprado deixa-se conduzir, deixa de agir por si só, mas age por toda uma família que se enrola e se torna presença nele próprio.
O soprado, profeta, ganha uma couraça que o torna imune, porque se sente aconchegado e acompanhado.
Jamais ficará só
Ele e o espírito, de mãos dadas, vão-se dando a cada minuto que passa.
E o profeta vai deslizando e incomodando no meio da multidão.
E vai construindo um eu/Tu de cumplicidade que se transforma em comunhão e pertença.
E começa uma verdadeira história de amor que avança de peito aberto até onde deve ir.
E o profeta fala, fala, fala…
…fala palavras não ouvidas, abafadas pelo medo, palavras que são dom do Espírito Criador que paira e que pesa como chumbo no cabeça do ou dos visados. O arrojo do Espírito!
Tudo acontece quando o Pai deixa cair a mão e a pousa sobre a cabeça d@ visad@.
Então, quem são os eleitos?
Onde os procurar?
Pois! Esta mão foi-me dirigida de modo a que eu me deixe enredar pelas teias do Espírito. Diz-me que tenho que derrubar os muros interiores, abrir-me ao sussurro que acalenta e deixar-me invadir.
Só então acontece que eu me transformo em profeta e deixo-me levar. E começo a incomodar!
Incomodo e saio muitas vezes a perder. Não foi assim com os profetas de Deus que acabaram perseguidos ou assassinados como Jesus de Nazaré?
E vou morrendo nas águas do Jordão para emergir com novas forças, nova coragem, de modo a enfrentar o dia-a-dia da vida com vigor renascido e tentar desempenhar o meu papel ao teu jeito, deixando-me invadir pelo Espírito que renova, dá força, dá vida.

15/11/2010

retiro 2


No princípio…
E tudo acontece.
E tudo é gerado num crescendo que avança segundo o ritmo que se chama sucessão: dia/noite; vida/morte.
E tudo pára com a destruição/morte/caos.
E tudo recomeça, reorganiza-se no sentido de um tempo novo que emana a partir do caos – desespero, vida sem sentido que se vai consumindo e autodestruindo.
O homem fazedor de caos que se sente baralhado e se deixa ser fazedor de nada com sentido.
Então, onde está o caos?
No mais íntimo de nós próprios, no vir e devir do rancor gerador de morte em vez de se tornar vida.
Refazer-se é sentir-se co-autor desta mesma criação que nos foi dada de graça para a utilizarmos com respeito e amor.
E do vazio surge a ordem, a vida.
O vazio transforma-se, reaprende a gerar ordem e a viver a vida com sentido.

Criou-nos com sabedoria e com memória.
Memória para reaprender a saborear a vida de forma ritmada e a parar para escutar e sentir. Entender os compassos e perceber os silêncios que partem de uma nova dimensão do jogo. O jogo que nunca mais acaba, só que, agora, este jogo é jogado por nós.
Mais uma vez somos convidados a reaprender as regras e a usá-las sem fazer batota. Com a batota retorna o caos e é preciso começar de novo.
Há que não desanimar e re-começar sempre…
E o espírito de Deus pairava sobre as águas, sobre o caos, a preparar-se para actuar de novo.
E começa a respirar e a vibrar de forma diferente.
A forma da experiência já vivida que deixou de ser nada e passou pela bondade do perdão.
Então, o que é o caos?
Claro, é a ordem, a organização, a arrumação.
É a força que rompe as amarras que tolhem e não deixam ver com os olhos do coração, da seriedade, da sabedoria.
O cosmos, então, é a serenidade que abraça o ritmo da vida vivida ao jeito do Pai com o exemplo de Jesus.
É a música que não pára de crescer de forma orgasmica para criar novas vidas, novos sentimentos, novas forças!
O ritmo da natureza que se vai perdendo mas que se sente pelo pipilar das aves ao amanhecer, prontas para partir em busca de alimento, para partilhar ensinamentos e regras com as crias, para lhes transmitir o impulso que as ajudará a tornarem-se autónomas e auto-suficientes.
A vida ritmada pela cadência do espírito que respeita os tempos, os espaços, os silêncios que nos ensinam a letra da canção que se chama bondade e que se torna bela.
Então, tudo nos é dado de graça!
E nós?
Será que os queremos de graça?
Será que os respeitamos?
Será que os entendemos?
E inicia-se um novo diálogo!
A história do eu/tu em relação íntima.
E começa a dança!
A dança que nos ajuda a mergulhar no mais fundo de nós próprios e permite clarear o que existe de mais negro e boçal bem no nosso interior.
A dança dançada a dois, três,… marcada pelo compasso dialogado em que todos se ouvem e já não há cada um a falar para seu lado, de novo mergulhados no caos e no vazio.
E… pára, emerge, torna-se perfeito pois foi confiando, desimpacientando-se e vivendo ao jeito de Jesus num crescendo de vontade e fazer bem para ser feliz, porque calou até ao silêncio absoluto e aí ouviu a voz do “calor” e da vida.

14/11/2010

retiro 1


A liberdade de sentir-se livre
Tomei a liberdade de me libertar.
Então, pés ao caminho pois já tarda a libertação que conduz à felicidade…
Vem Espírito de Deus sobre mim…
Ajuda-me a perceber os caminhos não andados, os caminhos que conduzem até ao Pai. Pai que acolhe e faz a festa sempre que volto a casa de coração limpo de teias de aranha que, sem “amarrar”, tolhem e limitam tanto os gestos como os pensamentos. Ideias que param de fluir e crescer no sentido de deixar-se invadir pelo Amor que irradia e aconchega.
E acredito!
Credo!
Credo!
Credo!

Com que espírito é que chegas?
Tu, ser pessoal que e tens e continuas a fazer história.
Tu que te recusas a ficar estático à espera da resposta que muitas vezes nem chega a acontecer.
Tu e o teu movimento contínuo que desmonta esquemas pré-definidos por homens que só te querem ver de dedo esticado e acusador a amedrontar e a dizer de forma constante: pecadora! pecadora! pecadora! e a palavra vai-se repetindo e perdendo, qual eco que limita e se limita.
Vem Espírito de Deus e cai sobre mim…
Prometo-te que me deixo abrir aos teus encantos e à alegria de ser mudada, porque quero mudar.
E a vida vai acontecendo!
E vai acontecendo porque Tu crias.
Crias o alimento.
Crias a bebida.
Crias a cura.
Tu, que muitas vezes pareces distraído, vais acontecendo e fazes acontecer.
Tu. Espírito de verdade e da verdade que estás em união fraterna comigo própria.
E vai crescendo a vida que se faz, que se sente e que emana de modo a gerar mais vida, mais alegria, mais vontade.
Vem Espírito de Deus…
E neste constante devir de um Pai que também é Mãe, temos a atenção e as preocupações de mãe, temos Jesus.
Homem com necessidades semelhantes às minhas.
Homem que caminha sem cessar pois tem pressa de dizer que foi o Pai que o escolheu e não o pode defraudar.
Jesus, filho pródigo, que disputou tudo com o Pai e, mesmo assim, voltou a ser acolhido e recolhido por Ele no meio da festa do reencontro que é o perdão.
Perdão vs renascimento
Perdão festa da festa, festa da vida com sentido, festa do nascer de novo.
E chega o Espírito que pelo Pai e pelo Filho se diz a si mesmo.
Jesus, profeta do acolhimento é usado também para dizer e diz-se a si próprio.
Então, o Deus uno que se conduz ao jeito de Jesus, é Pai e conduz Jesus ao seu jeito.
E chega o Espírito que vai crescendo e rodopiando como o vento que é a vida que flui do Pai e do Filho e sopra quando quer e onde quer.
E temos uma família de três pessoas unas e indivisíveis: PAI, FILHO e ESPÍRITO que é santo.
E chegas como um Tu que nos permite vislumbrar o “rosto” do Pai.
A relação vai crescendo e acontecendo numa liberdade concedida e vivida na plenitude deste Espírito que faz e deixa fazer, que se manifesta pela boca daqueles que recusam permanecer calados perante a injustiça que os rodeia, que age e liberta, que sopra onde menos se espera.
Creio!
Creio!
Creio!
… na igreja, nos baptizados, nos que anseiam ser baptizados, naqueles que vivem em conformidade com a vida daquele Jesus que se entregou para trazer a esperança da vida de glória, onde o Pai, que conhece o nosso nome, se dá e acolhe estendendo o seu regaço de amor e bondade.
O baptismo que engole tudo o que é velho, tudo o que é contrário à lei mais pura dos evangelhos, o baptismo que ajuda a emergir o re-suscitado, o homem novo, o homem limpo e remoçado por este amor de alegria e de esperança.
E assim, o Reino acontece e vai acontecendo sempre que um irmão se aproxima e diz que quer mergulhar na água uterina da vida que lava e deixa acontecer vida.

19/10/2010

Este…
Esse…
Isto…
Estas coisas…
Tudo tem a ver com a mesma pessoa.
Aquela que foi mal vista, mal entendida e… por que não… mal amada.
Ele que não era, mas passou a ser.
E foi o primeiro, porque fez a ponte entre o antes e o depois.
E quando veio fez tudo ao contrário do que seria esperado para um messias. O Messias devia corporizar um profeta que preconizasse a libertação, não a das entranhas, do eu, mas a libertação física de um povo do jugo do outro.
Romanos, invasores, conquistadores vs israelitas submetidos ao sabor de novos senhores que paulatinamente começam a impor as suas regras, a sua cultura, os seus deuses. Estes deuses que corporizam esperanças, medos e sofrimentos que são sempre vistos como castigo.
E, qual era o deus dos judeus?
Um deus distraído, castigador e vigilante, de modo a apanhar em falta os mais incautos.
Pelo contrário, o Deus de Yeshu é um Deus presente, pai e mãe, sempre disponível para afagar e perdoar. O Deus da Verdade e do Amor.
O Deus de Yeshu é um Deus atento que o ungiu e o escolheu para que, sendo um de nós, vivesse, sentisse e saboreasse a verdade e o sentido de toda a nossa história humana que se redimensionou na festa Pascal.
Como eu comecei a viver e a sentir as coisas!
A festa Pascal que possibilita a entrada numa nova dimensão e aprender o verdadeiro nome. O nome por que Ele me chamou desde o início dos tempos. O nome da verdade e do sabor deliciado deste Pai que tem sempre disponível o colo de Mãe.
Mas… voltando a Yeshu, o ungido, o escolhido, o eleito.
E foi “crescendo” em sabedoria e graça. A construção de um homem faz-se dia após dia e, à medida que se vai aproximando do dia da glória, vai-se tornando mais sábio e mais bonito. A sabedoria da vida vivida e a raça da vida plena.
À medida que vou desenrolando esta reflexão, vou sentindo alguma angústia pelo sentimento que a ausência vai causando e a alegria de uma nova dimensão mais plena que se vai aproximando.
E vão chegando as esperanças messiânicas e todas as outras esperanças!
As esperanças que se tornam vida, pois fizeram passar do medo à confiança, da incerteza à certeza, da tristeza à alegria, da morte à vida.
Então… quem é este Yeshu que corporizou a esperança?
E deixou de ser pertença de alguns, passando a pertencer a todos.
A esperança de Yeshu é fecundante, assumindo em si a vida de todos.
É uma esperança que toca e se faz vida.
Esta é a nova esperança, a do presente que não esquece o passado e que se torna futuro.
E faz a ruptura com um todo apocalíptico que se vai esboroando como terra ressequida que perdeu a ligação entre si.
Yeshu mostra-nos a esperança do “toque” do Pai, corporizando-se nela, porque ela é vida.
Também ele teve um nascimento impossível. Não, não foi de uma estéril e velha mulher, mas de uma jovem que se tornou o “resto fiel” porque acreditou.
Yeshu, o Homem, é também o profeta, pois é um presente amoroso de Deus que o chamou de novo à vida, como prémio de uma vida com sentido.
Yeshu, o Homem da esperança, porque ele próprio a corporizava.
Por Yeshu, Deus vem para morar e permanecer na memória agradecida da nossa fé. Deus veio com Yeshu e permanece “agarrado” a Ele, pois é a promessa da felicidade e, como tal, passa a fazer parte de nós.
Deus e eu.
Deus comigo.
Deus em mim…
… e isto é válido para todos os que escolheram viver a vida com Yeshu, o visitado por Deus!

11/10/2010

Será que entendi?

Será que entendi?
Eu sei que é uma pergunta retórica!
Mas… será que entendi?
O futuro já aconteceu há dois mil anos?
Um Homem, apenas um, superou naquele momento todo o tempo passado e todo o tempo futuro?
Ele, o maldito, o que não era boa pessoa, o que incomodava e não vivia nem agia segundo os cânones civilizacionais da sua cultura e da sua época?
Mas… será que entendi?
Eu, que me deixei envolver por uma “teologia de espera”. A espera do final dos tempos que afinal já aconteceram.
O tempo que é passado e que é futuro e que já foi?
O tempo que deixou de ser Kronos e se tornou Kairos.
O tempo que é um constante devir e nós temos que fazer a nossa parte, que também dói!
Mas…, está tudo feito!
Foi tudo assumido naquele dia à tarde.
O dia do “fim do mundo”
Os dia em que até os “céus” se apagaram.
Será que foi feita justiça?
Não terá sido esse dia o culminar de uma vida com sentido mal compreendida?
Por que motivo é que a “sociedade” impõe regras?
Não são para serem postas em causa?
E ao terceiro dia fez-se vida, isto é, venceu os seus medos, as suas tentações, os seus pecados e venceu-os também por mim.
A cruz vs vida.
Vida re-suscitada.
Quem saiu a ganhar de todo este processo fui eu mesma. Também eu re-suscitei para me deixar encantar e passar a vicer para Ele.
E comecei a sentir-me exposta, pois a minha história transformou-se e transformou-me.
A vida ganhou outro sentido. Novo e diferente do que tinha sido até então.