14/08/2008

14 de Agosto

Passam hoje 632 anos sobre a vitória retumbante dos portugueses contra os castelhanos em Aljubarrota.
Aqui o que estava em causa era não só a independência do Reino, que estava ameaçada, mas também o conflito religioso, conhecido por Grande Cisma do Ocidente, 1378-1417, e que opunha o poder temporal ao poder espiritual.
Num tempo em que os monarcas, reinantes, queriam chamar a si o protagonismo, tentavam, a todo o custo, impor aqueles que melhor satisfizessem as suas vontades e que fossem os mais indicados para o fazer.
Assim, em pleno conflito franco-inglês, a Guerra dos Cem Anos, a França tentou fazer eleger um papa francês. Como tal não foi aceite, aconteceu a divisão da Igreja Romana com dois papas eleitos: um em Roma, Urbano VI e outro em Avinhão, clemente VII.
Estava dada a pedra de toque.
Como as políticas de então se faziam por alianças e casamentos que eram tratados para cimentar amizades ou corrigir erros, tendo tudo a ver com heranças e tratados.
Enfim, o aspecto político imperava nas relações entre estados, bem como no equilíbrio das forças (Penso que continua a ser assim, só que actualmente este processo é liderado pela ONU e pelo palhaço do mundo moderno, Georges W. Bush).
A diplomacia portuguesa não fugia à regra. D. Fernando, nas suas promessas de casamento, ora prestava vassalagem ao papa de Roma, ora ao papa de Avinhão. Enfim, manobras diplomáticas que conduziram o Reino para sucessivas guerras com Castela e que exauriram todo o tesouro amealhado e construído pelo seu pai, D. Pedro I.
Com a crise aberta com Castela, após a morte do monarca, os portugueses encheram-se de brio e, pela primeira vez na história deste Reino, o gigante foi derrotado.
Ao aceitar ser rei de Portugal, D. João I iniciou a preparação para a Guerra da Independência. Era impossível escapar-lhe. D. João de Castela queria governar com pleno direito. Juntaram-se os filhos segundos, os primeiros, aqueles que herdavam e governavam os seus castelos, apoiaram o outro lado. Pois bem, os filhos segundos não aceitaram a derrocada e apoiaram o novo monarca.

Começou a guerra!
Os castelhanos vieram aos milhares, reza a história que eram três vezes mais.
Com a presença e o saber dos ingleses, nossos aliados, tudo foi preparado ao pormenor. E o principal embate deu-se em Aljubarrota, no dia 14 de Agosto de 1385.
Venceu a organização, o arrojo e a vontade de continuarem livres.

Esta é considerada a grande batalha dos portugueses, por ser gloriosa e deixar transparecer toda a raiva contida por anos de alguma submissão aos vizinhos do lado.
Foi preciso chegar ao século XX para que os vizinhos falassem de olhos nos olhos, como amigos e irmãos. Contudo ainda se sente por vezes algum mal-estar, presente até nas anedotas que por aí se contam e nos ditados populares (é que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. Aqui estão implícitos os grandes calores e os grandes frios continentais que sopram ora no Verão, ora no Inverno. Quanto aos casamentos… por que não falar nas alianças diplomáticas que percorreram grande parte da nossa história?)
Voltando à batalha, os portugueses, aliados de Inglaterra, apoiavam o papa de Roma e os castelhanos o de Avinhão. Os confrontos não se davam directamente mas sempre de forma indirecta. Também aqui estamos perante batalhas que alimentavam a célebre Guerra dos Cem Anos.

A grande importância da batalha de Aljubarrota, é a da independência e da proximidade do dia 15 de Agosto, dia de Nossa Senhora. Logo, como forma de agradecimento, o monarca encomendou a construção de Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. A construção é lindíssima e espelha a estética construtiva da época: o gótico. Aqueles rendilhados espelham todo o saber dos engenheiros e arquitectos da altura.
Esqueceram-se, ou não sabiam que aquela vitória se ficou a dever à vontade dos homens e não à vontade divina. Esta é muito mais séria e quando vivida e sentida é gratificante.
O conjunto arquitectónico é demasiado bonito, mas o que se pode viver e sentir lá dentro é empolgante e de uma enorme satisfação por estar junto de um Deus Amor que serve, aos homens, todos os condimentos para que possam crescer para Ele e tornar-se pelno.

1 comentário:

joaquim disse...

E passados todos estes anos o Condestável está a caminho dos altares...