14/09/2008

Partidas e chegadas 2



A partida foi muito mais calma que a chegada!

Sentia-se no silêncio e nos rostos fechados a angústia da despedida.

Passou-se um mês desde a primeira ida ao aeroporto. Aqui via-se a alegria e a felicidade do reencontro estampadas na cara risonha da espera.

A partida é sempre dolorosa e sofrida!

Veio a Portugal para rever, mais uma vez, os familiares que dificilmente se deslocarão ao Brasil, Terras de Vera Cruz, assim chamada pelos descobridores nacionais, no limiar de dois séculos, o quinze e o dezasseis.

O principal visado foi, precisamente, o irmão mais novo que está a fazer tratamento no IPO do Porto.

O irmão/cunhado/tio, que vive no Brasil, está prestes a fazer 80 anos e é um doce. Senhor de uma dignidade e sensibilidade fora do comum. Sabe acolher, acarinhar e mostrar, de forma suave, o quanto estima os irmãos, está com eles, sente as suas alegrias e tristezas.

Também dá alguns puxões de orelhas e mostra o que está menos bem.

Preocupado e atento, transmite, através de sorrisos e palavras, segurança e muita amizade!

O tempo passou de forma veloz e escoou-se rapidamente.

Cada qual tentou fruir da sua companhia ao máximo e, penso que muito ficou por fruir, por fazer, por conversar…

É um amigo que além de atento é grato.

Se a minha casa pudesse acolhê-lo!

Ia vingar-me das distâncias e do imperativo do afastamento que a condução da vida a isso obrigou.

Além de diferente, pela atenção que presta a tudo, não quer monopolizar as conversas, é um sentimentalão, pois os olhos riem-se quando fala do neto e das diabruras que já vai fazendo.

E é bonito o garoto!

Tem cá uns olhos!...

Tem dezasseis meses e já gosta do cachecol do FCP, já grita golo, com o avô, e acompanha-o a ver os jogos da selecção. Também chegam ao Brasil!

Fala com orgulho das filhas e da mulher.

Na hora da partida, deixou que os olhos ficassem húmidos de alguma lágrima teimosa que quis espreitar, não largou o sorriso triste e amigo.

Gosto muito do meu cunhado!

 

Para aprender a viver a vida feita de partidas e de chegadas, necessitamos de ser pacientes e acreditar que ela vale a pena, pois tem um sentido: a alegria e a felicidade.

 

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