A partida foi muito mais calma que a chegada!
Sentia-se no silêncio e nos rostos fechados a angústia da despedida.
Passou-se um mês desde a primeira ida ao aeroporto. Aqui via-se a alegria e a felicidade do reencontro estampadas na cara risonha da espera.
A partida é sempre dolorosa e sofrida!
Veio a Portugal para rever, mais uma vez, os familiares que dificilmente se deslocarão ao Brasil, Terras de Vera Cruz, assim chamada pelos descobridores nacionais, no limiar de dois séculos, o quinze e o dezasseis.
O principal visado foi, precisamente, o irmão mais novo que está a fazer tratamento no IPO do Porto.
O irmão/cunhado/tio, que vive no Brasil, está prestes a fazer 80 anos e é um doce. Senhor de uma dignidade e sensibilidade fora do comum. Sabe acolher, acarinhar e mostrar, de forma suave, o quanto estima os irmãos, está com eles, sente as suas alegrias e tristezas.
Também dá alguns puxões de orelhas e mostra o que está menos bem.
Preocupado e atento, transmite, através de sorrisos e palavras, segurança e muita amizade!
O tempo passou de forma veloz e escoou-se rapidamente.
Cada qual tentou fruir da sua companhia ao máximo e, penso que muito ficou por fruir, por fazer, por conversar…
É um amigo que além de atento é grato.
Se a minha casa pudesse acolhê-lo!
Ia vingar-me das distâncias e do imperativo do afastamento que a condução da vida a isso obrigou.
Além de diferente, pela atenção que presta a tudo, não quer monopolizar as conversas, é um sentimentalão, pois os olhos riem-se quando fala do neto e das diabruras que já vai fazendo.
E é bonito o garoto!
Tem cá uns olhos!...
Tem dezasseis meses e já gosta do cachecol do FCP, já grita golo, com o avô, e acompanha-o a ver os jogos da selecção. Também chegam ao Brasil!
Fala com orgulho das filhas e da mulher.
Na hora da partida, deixou que os olhos ficassem húmidos de alguma lágrima teimosa que quis espreitar, não largou o sorriso triste e amigo.
Gosto muito do meu cunhado!
Para aprender a viver a vida feita de partidas e de chegadas, necessitamos de ser pacientes e acreditar que ela vale a pena, pois tem um sentido: a alegria e a felicidade.
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