Novas oportunidades!

Regresso às aulas!
Alteram-se as rotinas e sobram as preocupações. Está difícil conciliar as tarefas domésticas com as escolares.
A motivação está a escassear e as lágrimas facilmente encharcam os olhos.
O cansaço começa a ocupar o seu lugar de forma rápida e intensa.
Há atitudes de adultos que mais se aproximam de atitudes de meninos.
É bom ser o centro das atenções e ver tudo e todos girar à nossa volta!
Eu sou o “rei”. Ponho e disponho e ordeno. Os lacaios obedecem! Deixaram de ser gente e tornaram-se autónomos. Há assuntos a serem discutidos em conselho de tur-ma que chegam aos alunos via correio electrónico, antes mesmo dos professores tomarem deles conhecimento.
Estes são os bons e os ídolos.
Os outros?
Bem, tenho dito!
E o cansaço não dá tréguas!
Se em casa está difícil, na escola não está melhor.
Vou voltar a falar das Novas Oportunidades. Desta vez, o “romance” começou a adqui-rir outros contornos. Segundo a dr.ª da DREN (não lhe sei o nome) os pobres dos coi-tados dos alunos não estão aqui para serem escolarizados. Estão aqui para obter uma profissionalização de nível III. Estão aqui para se enganarem e serem enganados.
Os maus dos professores tentam prejudicá-los com testes e perguntas difíceis.
Agora compreendo o discurso de um aluno que faz gestos obscenos no espaço de aula e, quando confrontado com a situação, assume um ar inocente e pergunta:
- O que é que eu fiz?
O mesmo aluno chega aos testes e, muito espantado, diz:
- Era teste?
Começo a entender muito bem!
Por que não permito que copiem e que façam apenas o que querem e lhes apetece, acusam-me de intransigente e incompetente. Sim, incompetente. Acusam-me de não saber dar aulas e de ser uma “seca”. Já completei 34 anos de serviço, sempre no ensino.
E a fraude continua!
Juntem módulos, dêem-lhes a oportunidade de obter positiva.
Então, chovem os copianços que são cada vez mais sofisticados: telemóveis, cópias minimizadas que mal dão para ler.
Copiam por mim.
Sim, leram bem, copiam por mim.
Muito ingenuamente, e pensando que estava a lidar com gente honesta, entregava-lhes os critérios de correcção, feitos por mim, com os pontos essenciais que deveriam constar na resposta, chegados ao teste de recuperação, nunca faziam à primeira, as perguntas eram semelhantes, apenas elaboradas de forma diferente. E, estranho, as respostas estavam conforme os critérios de correcção, por mim elaborados.
Comecei a estar mais atenta!
Percebi tudo!
Os alunos copiavam pela própria professora!
A partir de então deixei de me esforçar e não voltei a elaborar os tais critérios.
Mas vem a senhora da DREN dizer que não podemos ser rigorosos. Estamos em período experimental, que significa passagem universal.
Mas… e o futuro?
O próximo ano é ano de estágio.
Quem sai envergonhado?
Quem recebe o atestado de incompetência?
Num dos contactos estabelecidos pelo director de curso, foi informado de que:
. os alunos não sabem comportar-se nem apresentar-se (usam estas calças horrorosas que os trazem sempre descompostos. Quando lhes peço que se componham, vem a resposta rápida e atrevida: “Quem não quiser que não olhe, eu ando como quero” e puxam-nas, de forma acintosa, ainda mais para baixo. Santa moda que escraviza!);
. os alunos assumem atitudes insolentes e comprometedoras;
. as disciplinas mais importantes, para um Técnico de Turismo, são: Geografia, Inglês e História e Cultura das Artes.
E eu penso:
História?
Onde?
Nem sequer sabem Português, quanto mais entendem de História!
O problema está mesmo no português. Não têm vocabulário nem pretendem adquiri-lo; não sabem ler, quanto mais entender; não sabem interpretar.
Haverá quadro mais negativo?
São estas as Novas Oportunidades do governo Sócrates que lhe servem de bandeira pré-eleitoral.
Por isso, não me espanta nada que o tão badalado computador Magalhães esteja cheio de erros que irão ser aprendidos e apreendidos pelos alunos do 1º ciclo…