04/04/2009

Rufus

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Hoje “aterrei” no mercado de Óstia à procura de Rufus.

Eu sei que estás quase a partir para a Hispânia. Vais ser o mensageiro de Paulo.

O “dia “ aconteceu, inesperadamente, quando te encostaste à parede da casa da Via Aureliana e escutaste.

Sabes, Rufus, é feio e deselegante escutar à socapa as conversas dos outros.

A cada dia que passa vou dando razão àqueles que afirmam que “cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal” e que “as paredes têm ouvidos”.

Eu sei que não te serviste do que ouviste. Pudera, também não entendeste nada!

Escutaste com atenção e gravaste na memória as palavras sábias da carta que ouviste ler.

O coração estava a aquecer…

Gostaste de ouvir as palavras do prisioneiro.

Transpiravam paixão, ardor e confiança.

Apesar de condenado ao martírio espalhava o imenso amor que sentia.

O local estava definido. Iria animar o espectáculo no Anfiteatro Flávio. Sabes, aquele a que todos chamamos de Coliseu. A maior arena do Império.

 Pobres seguidores de Cristo. Bebiam do mesmo cálice que tinha o sabor amargo do “abandono”.

E foste conversando e “enganando” aqueles que confiavam em ti.

Ouviste Tito e não entendeste.

Pensas que nós, no século XXI, entendemos?

A aprendizagem é longa e os corações permanecem demasiado tempo fechados à sua voz…

Mas tu, Rufus, tu estavas atento.

Com 20 anos não eras inconsequente como a maior parte dos jovens actuais. Trabalhavas no duro com o teu pai até chegar a vontade de seres independente.

Óstia tornou-se pequena.

A semente germinava e a nova planta começava a ganhar espaço dentro de ti.

Quando chegaste ao local do encontro encontraste os mais simples, os desprotegidos, os “párias” do Império.

A Palavra era, sobretudo, dirigida a estes que buscavam protecção e consolo para as suas vidas mal vividas. Buscavam a esperança de uma vida melhor e mais confortável, quando esta deixasse de fazer sentido.

Encontraste mercadores, como tu, que se sentiram intimidados quando te viram.

Bebias com sofreguidão as palavras que saíam da boca do “mestre”.

Tito teve que partir.

Partiste com ele.

Fizeste-te ao caminho e fizeste caminho.

A partir daqui nada voltará a ser como antes.

Deixaste as tendas e as lonas.

Abraçaste o Ministério de Profeta.

Passaste a mensageiro da Palavra e Roma ficou pequena.

Roma, a cidade das cidades, com várias comunidades disseminadas, podia deixar-te partir.

Partis, para ti, era levar a Mensagem.

E fizeste-te ao largo!

Transportavas o Carisma e chegaste à Hispânia.

Aqui vais iniciar-te sem qualquer apoio.

O teu alento é a tua fé, é a tua fome de dar a conhecer este Amigo que conheceste, embora de forma ininteligível, aos 15 anos.

E fizeste-te presente no meio de nós.

Vá.

Fala.

Estamos atentos e queremos aprender, contigo, aquilo que tens para dar.

Mostra-nos a tua chama e incendeia-nos mais e mais.

A Mariana vai gostar de saber que ela, e não só, é a causa de apareceres por cá a trazer-nos a Boa Notícia.

A Mariana não vai sentir o mesmo que tu sentiste. Tu escolheste pertencer. Ela foi escolhida para pertencer e para que tudo o que sabes chegue até nós.

A Mariana vai sentir muito amor e o aconchego de todos. Ela já sabe e faz beicinho quando não entende ou não lhe dão a atenção que quer. É a primeira, da grande comunidade, a abraçar o Irmão mais velho pelo nosso abraço e pela vontade dos papás.

 

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