No passado domingo realizou-se cá na paróquia uma assembleia de catequistas.
Trabalhou-se com afinco e fizeram-se compromissos.
A assembleia foi composta de várias partes, com lanche incluído, em que se falou de cada um, da sua disponibilidade, não descurando o eu, isto é, o questionamento introspectivo de cada qual no seu desempenho, no seu estar consigo, com os outros e com a comunidade.
Depois de uma parte inicial em plenário, em que se avaliou, fomos confrontados com o decálogo do Catequista “ideal”, a saber:
1. Não pode ser o(a) DONO(a) da verdade nem do saber;
2. Não pode confundir ENCONTRO de Catequese com AULA de catecismo;
3. Tem que arranjar tempo e disposição para as REUNIÕES, os encontros de PREPARAÇÃO, PLANEAMENTO e AVALIAÇÃO da Catequese
4. ESTUDA, REFLECTE, participa de cursos, busca constante de actualização;
5. É PONTUAL. Antecipa-se à chegada das crianças/adolescentes e é o último a sair;
6. Cultiva o espírito de EQUIPA, trabalha em equipa, age de acordo com o que foi resolvido em comum; apoia e convive com os colegas;
7. Não tem”direito” de perder a PACIÊNCIA nem com o catequizando, nem com os familiares. Gritos são anti-catequéticos;
8. CRIA, INVENTA, mas com o objectivo de melhor anunciar Jesus Cristo;
9. Procura CONCILIAR a sua actividade com a vida familiar;
10. REZA e tem amor à IGREJA, à PALAVRA DE DEUS e à EUCARISTIA.
E perdeu-se/ganhou-se muito tempo na análise destes dez mandamentos.
A partir daqui estavam lançados os dados para o debate, a introspecção e o trabalho de cada qual que se centralizou nos seguintes itens:
- Eu e eu
- Eu e Deus
- Eu e a Paróquia
- Eu e os outros catequistas
- Eu e os catequizandos.
E partiu-se para o trabalho individual.
Cada um por si e para si.
Foi um trabalho de aprofundamento pessoal.
Não havia hipóteses de fazer batota. No plenário todos, mas todos foram chamados a depor, isto é, a manifestar as suas próprias reflexões, intenções e propósitos para o futuro.
Gostei das pistas que foram lançadas e, sobretudo, daquela que me colocava perante Deus.
Como diz a voz do povo, Ele tudo vê, tudo sabe e é difícil enganá-Lo.
Eu parti de outro pressuposto e fiz deste trabalho uma oração. Afinal quem estava eu a enganar?
Não a Ele, pois não me condiciona os movimentos nem está numa atitude de vigilância constante.
Afinal, quem estava eu a enganar?
A mim, só a mim e já não me dou ao luxo de me enganar, porque não quero. Sendo verdadeira comigo, sou verdadeira com os outros e com Ele. É a Ele que estou a servir, pois aprendi-o com o Irmão mais velho… o Irmão mais velho que se tornou Deus por vontade do Pai, na hora de se levantar da morte e trazer-nos novamente a certeza do perdão e da Vida plena.
Assim, vim para a catequese na esperança de saber/fazer mais e aprender. Ao assumir este compromisso tenho procurado mudar-me e mudar a minha atitude para com a vivência do Evangelho. Não tendo participado em reuniões ou formações específicas (por imperativos pessoais e familiares), não parei a minha formação pessoal e cheguei a uma conclusão: tenho mais para aprender que para dar.
A formação tem-me apontado um caminho em que está sempre presente o diálogo íntimo com o Pai, servindo-me de todos os instrumentos que estão ao meu dispor destacando a oração pessoal, que privilegio.
E tento isolar-me no meio do ruído intenso que me rodeia e me distrai. E sinto-me eleita pois não me sinto isolada mas presente perante um Pai de Amor que transborda Vida.
O maior perigo que um catequista tem de enfrentar é o de pensar que já sabe tudo. É que perante estas coisas de Deus nunca ninguém sabe tudo, pautando-se a vida pela intenção de querer saber mais e ir mais longe. O catequista deve estar atento à inovação e à aprendizagem, constantes a seguir e perseguir ao longo de toda a vida.
O Concílio Vaticano II abriu janelas, algumas bem apertadinhas, para serem escancaradas à aprendizagem, à humildade, ao estar com Ele e com os outros.
Devemos deixar de estar cheios de nós próprios para nos entregarmos de forma descomplicada nos braços do Pai que é Amor.
E partimos para a oração.
Oração que é encantamento e adoração, sem ruídos e no mais íntimo de mim própria.
Para mim, orar, é algo que brota do mais íntimo e que se vai alastrando, tal como a gota de azeite que vai paulatinamente conquistando o tecido onde caiu e se deixou apanhar, muitas vezes sem se saber como ou porquê.
Orar é um deixar-se entranhar por um Amor doce e suave que conquista todos os espaços do próprio ser.
É um estar atenta aos outros e tornar-se próximo.
Além de orar, o catequista, tem que ensinar a orar.
No fim do percurso não pode cair no erro do dever cumprido e deixá-los órfãos porque acabou o percurso.
Penso que o catequista deve abrir caminho, mas não deve afastar-se do caminho.
Eles continuam sedentos de saber mais para fazer melhor.
A reunião teve a duração de seis horas, num domingo à tarde!...
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