06/09/2006

Sons, cheiros e consciência

Hoje o Sol perdeu a vergonha, deixou-se ficar a dormir e quando resolveu aparecer já nós estavamos de regresso a casa!
Deixou-nos entrever apenas uma luminosidade pouco intensa para não nos enganarmos no caminho...

O percurso de hoje foi também diferente: começamos em Valadares Sul e caminhou-se em direcção ao Norte. Eu cheguei até Canidelo Norte, o resto do grupo não sei. Foi mais longe!

Como o nevoeiro estava cerrado, tínhamos uma visibilidade de pouco mais de 50 metros.

Então esta caminhada, para mim, teve características diferentes. Como não se via, ouviam-se os sons envolventes e sentiam-se os cheiros.
Gaivotas?
Nem vê-las! Apenas alguns pardalitos que esvoaçavam com pouca vontade, pois poisavam aqui e ali. Ouviam-se, isso sim, os alegres trinados com que comunicavam entre si.

Os sons, além do dos pardais, eram sobretudo os do mar que cantava alegremente no seu constante ir e voltar sobre a areia e as rochas. A maré estava a vazar!
O seu cantar suave deixava entrever que, mesmo sem Sol, não se quer aquietar continuando com as suas alegres brincadeiras.
Quando se zanga, ninguém deve aproximar-se pois faz sentir toda a crueldade que possui e que tantos males podem causar...
Por isso, com o mar, há que ter cuidado e respeito. Ele põe e dispõe a seu bel-prazer e pede, muitas vezes, que o deixem em paz.
Está zangado?
Pois bem, tanto há-de bater e rabujar que se há-de acalmar e voltar a permitir que disfrutemos da água fria e salgada.

E os cheiros?
Eram tantos e tão diferentes!
A vegetação deixava sentir a frescura do seu hálito agradável. (Senti-me triste por não conhecer as plantas que crescem de forma espontânea nas dunas).
Também as algas inundavam o ar com o seu cheiro agradável a maresia.
Tudo estava húmido do orvalho!
Viam-se salpicos que gotejavam como que a chorar a ausência do astro-rei.
Ao longo do percurso ainda deu para observar que, depois da colocação dos trilhos na costa de Gaia, as dunas voltaram a vestir-se de verde e a vegetação começa a crescer de forma a mostrar como a Natureza merece respeito pois agradece o espaço que lhe é devolvido e de que necessita para voltar a engalanar-se para a festa que é a vida.
Assim, rejubila ela e disfrutámo-la nós...

O meu caminho é feito sozinha, embora hoje tivesse a minha "consciência" a dizer-me que tanto "sacrifício" deve ser partilhado...

E quando é que eu me envolvia com os sons, os cheiros e a oração?
Todo o tempo da caminhada é feita em oração.
Uma oração que me aproxima do Pai porque ao disfrutar aquilo que Ele me/nos deu e, em atitude de agradecimento, dizer-Lhe que vou respeitar o meio envolvente e tudo aquilo que nos legou para podermos amá-Lo e adorá-Lo sempre mais, e hoje, mais do que ontem.

Obrigada!

2 comentários:

Anónimo disse...

Qualquer dia cruzamos-nos no mesmo caminho. Eu também vou, com frequência, andar por essas praias!

Às vezes penso: com quantos companheiros de Blogs eu já me cruzei?...

Olha! Agora no Verão ando mais de rabo-de-cavalo...
Se me conheceres...

Andante disse...

Falar-te-ei.
Bjs