01/04/2007

Trabalho/trabalhos

Passaram-se semanas intensas...
Claro... na escola, mas também na paróquia.
Isto de ser Maria dos sete ofícios tem que se lhe diga.
Passaram os testes (há que fazê-los, com muito cuidado e atenção para não prejudicar os alunos - a bitola está sempre a descer em nome de um falso sucesso, penso que estamos a caminhar para um futuro de 'indigentes', porque letrados mas analfabetos - corrigi-los e entregá-los).
Passaram as reuniões de avaliação.
Pelo meio, foi a caminhada jovem onde reunimos cerca de setenta jovens da paróquia.
Aproveitando a proposta do Santo Padre para a reflexão quaresmal, falamos de Penitência, Oração e Amor. O título pomposo para esta caminhada/peregrinação foi "O Caminho do Amor".
Descemos do autocarro na Frecha da Mizarela, Serra da Freita, lá para os lados de Arouca, e fizemo-nos ao caminho. Foram poucos os quilómetros, mas foram muito intensos.
Oração e penitência permitiram-nos entender até onde os jovens, sangue vivo da nossa comunidade, são capazes de ir.
A caminhada iniciou-se com uma pequena oração para o 'caminho', onde coube a "Oração do Peregrino" que foi pedida emprestada ao Andarilho e escrita para uma outra peregrinação da comunidade a que ele pertence, quando em Setembro calcorrearam as estradas deste país até ao Santuário de Fátima.
Como os jovens eram oriundos de todos os lugares e bairros da paróquia, era necessário conhecerem-se.
Foi o que aconteceu na primeira paragem. Através de uma dinâmica, não viciada, pois só alguns sabiam do que se tratava, conhecemo-nos e iniciamos o percurso da comunhão.
Fizemo-nos, novamente, à estrada e, então as coisas tomaram um outro rumo.
No segundo momento, o da reflexão/partilha, debruçamo-nos em dois textos: de S. Paulo, 1ª Cor 13 e da Mensagem de Sua Santidade o Papa Bento XVI para a Quaresma 2007. Falou-se de Amor, agape e eros; partimos à descoberta de uma definição da palavra e concluímos que amor é, sobretudo, entrega. Concluímos, também, que a nossa ligação ao divino passa não só pelo lado do espírito, mas também pela entrega física. Descobrimos, ainda, que as várias formas de amor são queridas e benvindas como forma de glorificar um Pai Bondoso. Aqui ouvimos diferentes testemunhos de mães/esposas e de filhos. Esta foi uma paragem cheia de cumplicidades, de paixão/amor, dedicação e muita vontade de dizer sim a Este Deus que é todo Amor. A grande descoberta foi, também, a das diferentes dimensões deste Amor que deixou de ser visto apenas como amor/prazer físico, mas passou a ser visto como Amor na sua globalidade.
As questões seguintes foram fáceis de responder: 'Onde encontrar o Amor?' e 'De que maneira o posso partilhar?'
Foi uma paragem longa, intensa e bonita.
A terceira paragem destinava-se a preparar o ofertório.
Só aconteceu depois do almoço, pois os ares da serra são suspeitos...

O almoço foi partilhado, animado e retemperador.
Ah! Almoçamos junto à capela da Senhora da Laje.
Foi aí que tivemos a nossa celebração.
Foi difícil arranjar sacerdote.
O nosso pároco tinha compromissos assumidos com uma paróquia contígua. Os membros do clero (não me estou a ver na Idade Média e Idade Moderna...) não estavam disponíveis, pois pretendiam acolher o nosso bispo, D. Manuel Clemente, que tinha tomado posse das suas novas funções no dia anterior. Recorreu-se a um sacerdote, nosso conhecido, pois passou um mês cá na paróquia, que veio de Coimbra.
A celebração foi partilhada e dialogada, foi vivida e sentida.
No fim, voltamos a juntar-nos com os farnéis.
Ai os ares da serra!... e, regresso a casa.

Para continuar a construir o ramalhete da minha tão grande ausência deste espaço, animamos a Via-Sacra.
Foi outro momento de interiorização e vivência da maior prova de Amor que aconteceu até hoje.

Hoje animamos a procissão de Domingo de Ramos, ou não seja este o XXII Dia Mundial da Juventude.
Mais uma vez, todos os grupos de jovens, se juntaram e construiram caminho. Enfeitaram a Cruz e fizeram ramos para oferecer a todos os que vieram desprevenidos... Alecrim e oliveira não faltaram e... ainda sobraram. É bom sinal.
Mais uma vez recorremos ao Santo Padre e à sua mensagem para este dia. Voltamos a percorrer o 'caminho do amor', tendo como início da procissão um grande cartaz com a frase de Jesus: "Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei" Jo 13, 34

A próxima participação dos jovens será na Sexta-feira Santa. Já começou a ser preparada, mas vai ser aprofundada na próxima terça-feira.

Será que consegui redimir-me da minha ausência?
Prometo, nestes dias de interrupção lectiva, ser mais assídua.
Pelo meio, continuam as idas ao IPO.
Só em Abril iremos saber se se avança ou não para outra fase do tratamento que é mais agressiva, quimioterapia. Para já continua a hormonoterapia.
Que o Pai nos ajude a encontrar força e coragem para manter acesa a luta...



8 comentários:

um irmão. disse...

Tenho sentido e vivido o teu silêncio andorinha do Pai.. sei que por vezes o silêncio faz falta... acompanharei o teu voo com as minhas orações... grato pela tua visita... foi bom ver o teu rosto da alma ali ....

Anawîm disse...

+
Também caminho contigo...

Um abraço grande nesta Semana tão Grande!

joaquim disse...

Está perfeitamente "justificada" a ausência.
Trabalhaste noutra vinha, uma vinha ainda nova e que se Deus quiser, (e nisto Ele quer sempre), e eles quiserem, vai dar fruto, muito fruto.
E não te esqueças, que foste uma das que cavaste, podaste e adubaste a vinha.
Deus te dará a recompensa, para além da consolação que se sente no teu escrito.
Rezo por ti.
Abraço amigo em Cristo

Andante disse...

O meu silêncio é feito de oração, não tanta como eu gostaria, silêncios, angústias e muitas cumplicidades.

Sabes Andarilho, senti faltas destes espaços que me ajudam a construir-me interiormente e a crescer no caminho do Pai.

Grata pelas tuas orações e pelo calor que deixam transparecer.

Beijos peregrinos

Andante disse...

Obrigada, anawim, por me deixares segurar no teu cajado.
Hoje vou com os jovens preparar a Sexta-feira Santa.

Para o Pai não há férias, nem eu as quero fazer.
Férias, só as da escola!

Beijos peregrinos

Andante disse...

Oi Joaquim.

Estas vinhas são as que se têm que trabalhar com mais cuidado e atenção.
Só espero que o Pai receba em Seus braços de amor todas estas sementinhas que, espero, cresçam por elas e se deixem abraçar por tamanha paixão.

Tudo o que faço é por amor/paixão e para que os buracos e as pedras das dificuldades nem os façam esmorecer e descubram sempre o caminho certo das suas peregrinações para Esse Pai que está sempre atento.

Beijos peregrinos

Catequista disse...

Gostei da tua partilha. Durante anos fiz parte de um grupo de jovens (cerca de 50 quando se juntavam todos) e as caminhadas era das actividades que mais me marcavam.
Hoje os tempos são outros e às vezes penso que os jovens também. Já não existe grupo de jovens, mas a catequese tenta animar de certa forma a paróquia. Na Sexta-feira Santa vamos organizar uma Via-Sacra, à noite, em forma de caminhada. Depois conto como foi...
Um abraço!

Andante disse...

Fico à espera do teu relato, catequista. Sempre que posso vou-te espreitar...
Também nós, na Sexta-feira, vamos estar presentes na Via-sacra, fazer as leituras (estou preocupada pela narração do Evangelho, pois eles estão sempre a brincar...) e depois a Adoração preparada pelo Momento Yadah.

Ainda há algum, muito, trabalho pela frente...

Beijos peregrinos