06/08/2008

Partidas e chegadas

Hoje fui ao aeroporto esperar uma pessoa da família.
Cá fora o Sol teimava em manter-se escondido, como que envergonhado, impondo um calor abafado, onde nem a brisa se fazia sentir.
Lá dentro as coisas estavam a começar a azedar.
Com o ar condicionado desligado, ouviam-se palavras pouco carinhosas nos rostos cansados de longas esperas.
Sentia-se o desalento da falta de informações, dos aviões que chegavam e dos passageiros que tardavam.
Tanta falta de paciência e de saber estar!
Discutia-se em francês, falava-se alto em português, ralhava-se e puxavam-se as crianças que faziam de um bocado de papel uma bola ou uma qualquer forma de brincar. Embora cansados e saturados pelas longas esperas, eram os que mais se divertiam.

Estávamos à espera de um voo que deveria ter chegado ao Porto, vindo do Brasil, via Lisboa, às 8H25.
Eram 17H00.
Depois de uma avaria detectada ainda antes de levantar voo, a viagem atrasou oito horas…
Depois a ligação Lisboa/Porto.
Ainda se estendeu mais o tempo.
Chega, não chega e já são 18H30.
Chegou, com o cansaço e o desalento estampados no rosto.
Que bom rever as pessoas…
Estavam lá todas!
Mas… e a bagagem?
Nada. Ficou em Lisboa, há-de chegar amanhã, ou depois.
Voltaram a ouvir-se imprecações contra os maus serviços das companhias.
Voltaram a ouvir-se piadas, dichotes e mais discussões.



E eu pensei!
Pensei no desassossego que paira na cabeça das pessoas.
Pensei na falta de objectivos.
Pensei na grande falta da virtude que é saber esperar.
Eu também me cansei, mas nunca falei contra quer que seja, visto que desconhecia as razões de tantos atrasos. E lembrei-me daquela viagem para a ilha da Madeira em que não vi chegar os meus bens. Tratei de tudo de forma ordeira, dei o meu contacto e a TAP comprometeu-se a levar-me as coisas a casa. Morava no outro lado da ilha e a viagem era feita de autocarro. Não me lembro o tempo que demorava, mas era muito. Cheguei a Porto Moniz cerca das 20H00. A carrinha já estava à minha espera para entregar a bagagem. Nunca tinha viajado, na ilha, de forma tão ligeira, mas também me apercebi, pelo menos lá, da eficácia e profissionalismo com que tratavam as pessoas. O Alberto João é maluco, mas as coisas “correm sobre rodas”.
Voltando ao meu pensamento, pude aperceber-me da lufa-lufa da vida das pessoas que se desgastam em coisas comezinhas.
Saber esperar é um talento e eu ando a aprender a esperar.
Gosto de andar sempre na “crista da onda”, mas nem sempre o posso fazer e quando tal acontece, sou um poço de calma e serenidade.
Esta aprendizagem está a ser feita pela minha vivência em comunidade. Sente-se o respeito a dançar no ar, vive-se a confiança e a importância de cada um que não é mais ou menos sábio, mas que é.
E é tão bom encontrar companheiros de caminhada e sentir a alegria de estar juntos e de partilhar.
Todos temos o mesmo objectivo:
- descobrir o Rosto do Pai pela voz do Filho;
- chamar-lhe ABBA, Papá, sem receio de O estarmos a profanar, mas porque nos sentimos bem com ele;
- brincar com Yeshu, para com Ele sentir o Pai;
- sentir a brisa doce e suave do Ruah que nos beija e enlaça de forma amorosa;
- deixar-se levar no doce embalo da onda refrescante, tocada pelo Ruah, de modo a sentir-se refrescado interiormente e alegre, de uma alegria ;
- permitir que o relógio se mantenha parado nas quatro horas da tarde, de forma a eternizar este amor feito gratidão, alegria e muita vida.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um beijinho à minha QUERIDA AMIGA. Pelo que é, pelos sentimentos que desperta, mesmo quando leio textos de que é autora. Por tudo, mesmo, mesmo.
Sobretudo caminhamos, em comunidade, e gostosamente, à descoberta do Deus de Jesus de Nazaré.Para si e para todos os caminheiros - inventei agora este termo - aqui vai um grande beiiiiijiiinho.
MF

Rui Santiago cssr disse...

COMPANHEIRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

MINHA COMPANHEIRA!!!!!!!!!!!!!!!!

SHALOM

Anónimo disse...

Um abraço minha amiga e companheira!!! Muito Obrigada por TI!!!
Maria Correia