01/10/2008

Trabalho/trabalhos

Estive calada, todo este tempo, mas foi pensado.
É que o tempo corre e escorre de maneira diferente para cada um.
Num mês de inícios: Outono e escola, ora chove, ora faz sol e o calor começa a abrandar e a ceder algum lugar à frescura que, de tão agradável, se torna uma bênção.
Como dizia, neste mês que ontem terminou, não passou segunda-feira que não fosse ao IPO: consultas, tratamentos consultas, medicamentos, consultas, exames, tratamento… enfim, uma “viagem” que começa a banalizar-se. Nos últimos dias de Setembro o saldo ultrapassou de longe tudo o que seria espe-rado. Segunda-feira, durante a consulta, o médico de oncologia desconfiou de problemas a nível de veias. Suspeitou de entupimento venoso. Nem permitiu que a consulta terminasse. Entraram em acção os meios auxiliares de diagnós-tico. O eco dopler não foi conclusivo. Marcou novo exame, TAC para o início da manhã do dia seguinte. E a procissão começou pelas 8H00. Trânsito, muito trânsito. Atrasos atrás de atrasos, lá conseguimos chegar: IPO, Instituto CUF, IPO a partir das 11H30. Só houve luz verde para se fazer o tratamento às 17H00. Terminou depois das 20H00.
Não é o dia do tratamento que me assusta, mas os dias que acontecem 48 a 72 horas depois. Língua grossa, com “sapinhos” (uma espécie de aftas que não são aftas), tosse, dores, um nunca mais acabar de problemas e… as queixas, muitas queixas. Não há uma aceitação, mas um rosário de contas para chamar a atenção e pedir que todos sintam pena.
Esta piedade, que vem dos outros, deixa-me irritada. A última coisa que eu quero é que tenham pena de mim e, estando demasiadas vezes de rastos, digo sempre que tudo está bem. Tento superar-me e superar o meu mal-estar!
Que culpa têm os outros do meu estado de cansaço e irritação?
Então, nos momentos mais difíceis, brinco, ironizo e “vendo” a ideia que quero vender.
- Ontem estavas tão bem e tão divertida! Enquanto estiveste foi uma alegria!
Resposta pronta:
- Ontem estava pior do que estou hoje, nem força tive para fazer o almoço.


E depois, são as reuniões! Cansativas, longas e com pouco sumo. E prolon-gam-se por mais de três horas. Espremidas, teriam, no máximo, 30 minutos.
Tanto tempo preso e ocupado para fazer tão pouco!
E depois, é a angústia provocada pela avaliação.
Não há intervalo, na sala dos professores, em que o assunto não seja aborda-do. E são as grelhas que não estão prontas, mas que o presidente afirmou em reunião de conselho de escolas que está tudo pronto e a andar com serenida-de.
No fim de Setembro já tenho agendadas três reuniões, para três terças-feiras (7, 14 e 21) em que o assunto é… grelhas de avaliação.
Há um desdobrar de trabalho e trabalhos sem qualquer respeito pela vida de cada um.
Só culpo a tutela.
A ministra não sabe, não quer, nem se importa com as pessoas. Exige sempre uma maior ocupação dos pseudo tempos livres ou de trabalho individual sem criar condições para gerar alegria e satisfação.
Os professores andam cansados, tristes e macambúzios. Sente-se a pairar no ar muita desconfiança e algumas tentativas para agradar quem se pensa que vai avaliar.
Quando as coisas se alteram, altera-se tudo: ares de superioridade e pouca subserviência.
A subserviência, a arte de viver e enganar avaliador está a tornar-se exímia.
São alguns dos professores que temos…

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