Na sexta-feira passada assisti/ tomei parte num concerto de “taças tibetanas”.
Gongos, taças…
Diálogo estranho!
Nunca tinha visto ou ouvido nada igual!
Estava marcado para as 22H, começou às 22H30.
E iniciou-se o ritual…
Descalçar
Sentar no chão com as pernas cruzadas.
A sala era pequena e acolheu cerca de cinquenta pessoas.
O grupo de jovens NAHAR era um “convidado especial”!
A sala estava obscurecida, com algumas lamparinas acesas.
Pessoas sentadas e algumas deitadas…
Eu era novata!
Não sabia muito bem ao que ia.
Começou, com uma pequena introdução e o convite a “viajar”. A proposta era a de efectuar duas dessas viagens.
E ouvi “sinos” ao longe, e o som a entrar e a dialogar comigo própria.
Como já me doíam as costas e a posição sentada se tornou demasiado incómoda, sondei o espaço à minha volta e… deitei-me, de costas, com as pernas dobradas. Não havia espaço para mais!
E começou a festa dos sentidos e das sensações!
Terminou a primeira “viagem”!
Os sons a ecoar e a vibrar de forma suave, doce e vigorosa!
Ao iniciar-se a segunda viagem, tudo foi diferente.
Sentia-se/ouvia-se a água a correr e a desfazer-se em cascatas à procura do “caminho” certo e do leito que lhe iria transmitir a paz de um percurso seguro.
E o vento!
Primeiro suave, depois a soprar forte e intranquilo à procura da primeira árvore, do primeiro ser vivo, para despentear, do primeiro Homem, para abraçar.
E corri para ele!
Entreguei-me ao seu abraço, senti-me voar, de cabelos desgrenhados e esvoaçantes para Ti.
E aninhei-me no colo da RUAH que amorosamente veio ao meu encontro.
E conversei!
Deixei que todas as minhas angústias, os meus medos, a minha dor e o meu sofrimento desaparecessem.
Só eu e tu, RUAH do Amor, da Vida, do Consolo!
Foi um diálogo intenso de duas pessoas que se querem e que muitas vezes estão de costas voltadas. Eu sei. Eu sei que teimas e insistes. Eu ignoro-te.
Claro que de forma inconsciente, nas ignoro-te.
Vieste, primeiro como brisa suave. Depois, como vendaval para me agitares e desinstalares.
Gostei da tua provocação!
E continuo a sentir-te!
E… terminei a viagem!
Fiquei a saborear-te, ali deitada, sem qualquer vergonha, e pedi-te que te mantivesses firme.
E continuo a sentir-te!
Foi-nos então dito que iriam acontecer várias coisas:
· Dormir o sono dos deuses;
· Não dormir e, aí, aproveitar e dizer ao papel o que vai na alma;
· Dormir e sonhar, sonhar, sonhar…;
· Sentir o som a deslizar dentro de si e continuar a conquistar a paz interior tantas vezes perdia.
Nessa noite dormi. É verdade que foi um sono apressado, mas relaxante.
Na noite seguinte dormi e sonhei. Sonhei que tinha “distribuído” alguns estalos, daqueles de “encher” a mão e senti-me ainda mais relaxada.
Nestes dias deixei de sentir o bater agitado e descompassado do coração. Também ele serenou!
E a RUAH continua a soprar-me ao ouvido a sua canção de ternura e de alento.
Tem sido mais fácil “suportar” as queixas, as acusações, os maus fígados!
Quero-te comigo, RUAH de Vida e de Amor.
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