22/01/2009

Que futuro?

Acontecem-me coisas muito bonitas, enquanto outras…

Sinto-me triste e desanimada!

Para a maior parte dos alunos, ando a “dar pérolas a porcos”.

E são estes “o nosso futuro!”, os que se dizem dignos de respeito e de se agitar, qual bandeira desfraldada ao vento, quando sentem que há falta de respeito.

Os deveres e as obrigações são unilaterais.

Incutiram-lhes, não sei quem, pois os pais e encarregados de educação sentem vergonha e não se cansam de pedir desculpa, que apenas têm direitos: direito ao respeito, direito de não fazer nada e de “gozar” os mais velhos.

Olham-me como “cota” a abater.

É grande a pressão e o desgaste!

Isto tudo para explicar o seguinte:

Dei teste/exame de final de módulo.

Combinaram permanecer no espaço da sala de aula apenas cinco minutos. Como era uma aula em horário suplementar, dei-lhes a informação e a garantia de que poderiam sair mal terminassem de responder ao teste.

E assim fizeram…

Escreveram o nome, entregaram e saíram.

O teste estava em branco!

É uma turma de um curso profissional, integrado nas “Novas Oportunidades”.

Novas oportunidades para quê e porquê?

Para alimentar a preguiça e a rebeldia.

 

Cada vez mais me sinto desencantada.

Não é esta a escola que eu amo.

Não foi para esta escola que andei a cansar-me.

E mandam-se números para Bruxelas!

Portugal… é um país alfabetizado e com um “elevado” índice cultural.

Pela primeira vez, em 34 anos de serviço, faltei a uma aula porque adormeci.

Não é significativo?

Além do desencanto, é a falta de motivação.

Será que, no seu autismo, a tutela ainda não percebeu o desgaste que está a percorrer o corpo docente das escolas? E não são os mais novos. Esses começam a convencer-se que são “gente” sem futuro. O desencanto percorre, sobretudo, os mais velhos, os que mais horas dedicaram à escola que está em vias de desaparecimento. O que a tutela pretende construir é uma escola indigente, facilitista e facilitadora que deixe de preparar para a vida. Passou a alimentar um conjunto de falsos valores e de falsos deuses: uma grande casa, um grande carro, muito dinheiro!

Como?

Não têm princípios, não conhecem regras ou melhor, apenas conhecem as suas próprias regras, assumem atitudes que, no mínimo, me teriam “valido” uma grande tareia. Claro que a tareia poderia chegar por outros motivos pois, por estes, eu nunca teria “levado”. Nem em sonhos eu poderia fazer o que estes jovens fazem.

E é frequente ouvir:

- Odeio esta professora!

- Não se atreva a fazer isso novamente…

- Cale-se lá e não chateie!

Será que não podemos chamar a estas atitudes violência?

Não deveria, a tutela, providenciar meios para acabar com tantas faltas de educação?

Mas não.

A tutela pretende votos para o seu partido e, para tal, tem que estar bem vista aos olhos dos votantes/eleitores. Os professores são “uma gota de água” no conjunto dos portugueses.

Os professores votam contra?

Não faz mal, sobram uns milhões que são pais e encarregados de educação. De entre estes, irão votar contra aqueles que vêm a escola como um valor.

Os outros, os restantes, estão bem satisfeitos com os chavões que se vão apregoando:

Escola a tempo inteiro!

Aulas de substituição.

Com o tempo ocupado, os meninos deixam de dar problemas, mas tornam-se parte do problema.

 

E… ao sexto dia Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança.

O sexto dia está entre o dia da besta, o quinto dia, e a plenitude, Deus, o sétimo dia.

O que me é possível constatar é que cada vez mais os homens, alguns/muitos homens, se estão a aproximar de forma rápida e “eficaz” da besta. Estão a deixar emergir o que de mais animalesco há em si, tornando-se predadores ferozes de consciências.

Não querem ser justificados, mas justificar-se e, como dizia um filósofo iluminista (não me lembro do nome):

Qui s’excuse, s’acuse!

 

 

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia!
Não pude de me sentir incomodada com o que li...sou mãe e percebo-a perfeitamente...como a entendo, mas acredite que muitos pais fazem um esforço grande para mudar "esta" atitude de seus filhos, mas tambem não é tarefa fácil...tenho um filho que está no 3º ano do curso de hotelaria numa escola profissional de Mirandela, somos de Ovar, apesar das dificuldades financeiras de tudo fazemos para que este nosso filho tenha um futuro um pouco melhor, mas de facto são muitas as vezes que o ouço dizer " não preciso de estudar, ninguém estuda, assinamos o teste e pronto..." é uma tristeza profunda que sinto neste momento, até porque acabou o semestre e as notas são muito boas, como é que isto é possivel?!! ontem enquanto conversava com ele percebi o que ele tambem sente...dizia " para quê estudar mãe, como vês as notas são boas..." eu pergunto afinal que raio de ensino é este?
acredite que ficava bem mais feliz se as notas fossem reais...acredite ainda que não são estes os valores que lhe ensinamos e que vivemos...mas ele tem um grupo, com quem vive diáriamente, esse é para o meu filho com 17 anos o modelo a seguir...e estão tão longe da realidade, quero que se sinta um pouco melhor, sei que de tudo fez por esses alunos, mas não pode, não deve deixar o desanimo, a triteza que sente, vencer...amanhã é outro dia...

beijinhos grandes
Magui

Anónimo disse...

trabalho com muitos jovens "iguais" aqui na Missão... percebo... sinto... um poço profundo onde só o Milagre pode agitara s águas do desânimo..vá força e coragem...