Sinto-me mais triste e desencantada, a cada dia que passa, com a escola. À medida que o tempo vai passando agudizam-se a falta de respeito e a irracionalidade.
Perdeu-se o respeito!
O professor deixou de ser professor e passou a ser tratado como um ser inferior que é preciso atormentar e amedrontar.
O professor é visto como um ser inferior, um animal, que tem que ser domado e moldado à vontade daqueles que atravessam a vida sem vontade nem responsabilidade.
Cada vez mais sinto-me cansada e, volto a repetir, desencantada.
Tento camuflar estes sentimentos, mas se durante o dia consigo transmitir uma imagem de alegria e despreocupação, as noites tornaram-se cansativas e atormentadas. Sucedem-se os pesadelos e o cansaço acumula.
E ouvem-se as indirectas:
- Vela lá o que diz e como diz!
- Não se atreva a falar!
- Faça você. Eu não sou seu criado!
E lembro-me dos tempos em que era aluna.
Ai de mim faltar ao respeito!
E não era só por medo.
Na aula de ontem um aluno estava a copiar o teste.
Adverti-o de que este seria anulado.
Surgiram de imediato os porquês.
Não se assume a desonestidade.
Há que descobrir escapatórias para a mediocridade e para a falta de valores.
Como não arredei pé nem cedi à pressão, entregou o teste de forma desabrida e saiu. Já do lado de fora, reabriu a porta e anunciou:
- Não se lembre agora de marcar falta. Faltam três minutos para tocar.
Depois, deixou que todos saíssem.
Voltou a entrar, fechou a porta e começou a ameaçar e a invectivar contra a minha intransigência em não escutar desculpas para o indesculpável. Ameaçou-me ainda com uma acareação, com o director de curso, para me desmascarar.
E eu que odeio máscaras!
Sinto-me cansada mas, por princípio, não desisto. Desistir é negar-me a mim própria e negar os meus princípios.
O objectivo deles é passarem os módulos sem estudar nem esforçar e fazer-me entrar em contradição.
Estão bem na linha das atitudes do governo em matéria de educação e formação.
Para o primeiro-ministro e para a ministra da educação importam os números e a ideia falsa de um país de gente formada, mas sem formação; gente letrada que não entende o que está escrito; gente que se deixa embebecer por toda uma leitura cor-de-rosa e de aparência.
Para o primeiro-ministro e para a ministra da educação vale tudo menos ser educado ou ter educação.
Estamos a viver num país em que os que pretendem transmitir valores estão ultrapassados ou não se souberam adaptar aos novos tempos. Pararam no tempo e não se permitiram evoluir mentalmente.
Pobres coitados!
Não me conhecem nem querem conhecer.
Eu parada no tempo?
Eu com uma mentalidade retrógrada e passadista?
Para eles “up to date” é ser permissivo e compreender é “aparar-lhes todos os golpes”.
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2 comentários:
Andante, Andante encontro-me no mesmo barco que o seu.
Cansada,por lutar para que o barco avance e,a maioria estica a corda para outro lado,para que ele nunca chegue a bom porto.
Mas como diz e bem,desistir é negar-me a mim própria e negar os meus princípios.
Arranjemos coragem para prosseguir,embora muitas situações sejam lamentáveis.
Infelizmente o que conta são números e aparências,porque hoje em dia tentar ser digno e correcto é coisa de gente ultrapassada e de espírito antiquado.Quando mais devasso melhor.
Tenho muita pena dos jovens de hoje,irão colher bem os frutos que estão a plantar.
Como costumo dizer estamos entregues à bicharada.Estão a educar assassinos e monstros.
Quando chegarmos a idosos,aplicam-nos a eutanásia para deixarmos de piar de vez já faltou mais.
Mas devemos seguir esta máxima.
Tudo posso n'Aquele que me fortalece.
Abraços e ânimo.
Realmente existem situações que ambas as partes têm razão, no entanto, com dialogo fraco e sincero (de ambas as partes) poder-se-ia chegar a uma realidade mais duradoura. Realmente passou-se do 8 para o 80 o que é muito mau mas, em parte os pais também têm alguma responsabilidade na educação dos seus filhos. Não sirvo como exemplo mas, semanalmente falo com a directora de turma do meu e, quando as coisas tendem a "descambar" estou em cima dele, não com brigas ou discussões mas com palavras de aviso e SIM, com alguns castigos, não corporais obviamente mas...na altura certa ajudam no seu crescimento. Infelizmente hoje me dia para ser "dar" trabalho a esta ou aquela formação, arranjam-se "doenças", "traumas" e outras coisas. Sou do tempo (apesar de não ser velho lol) de levar alguns carolos, reguadas e no canto de castigo e no entanto, não me sinto traumatizado. Enfim...politicas da treta.
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