O vento soprava agressivo e cantava a sua canção de força e de poder.
É neste assobio, ora forte e varredor, ora suave, doce e ligeiro que escuto a voz da esperança.
E os tempos são de tristeza, de desespero, de angústia e de ameaça.
E são de desistência, abandono e solidão.
Foi por aqui que parti para a catequese, para a vida, para o sonho.
Nós e os outros!
Nós em Igreja!
Nós em solidariedade!
Desiste-se de sonhar, logo, desiste-se de viver…
O calar da tormenta para a qual não se enxerga o fim. A cegueira do fim dos tempos e da escuridão!
E os dias eram escuros e cinzentos como a vida que se tornou escura e cinzenta.
A tormenta que, tal como o vento sopra desesperado, cresce e enche os corações e os sentidos de uma solidão intragável que lhes retira a capacidade de ver, de sentir, de viver.
E optam pelo caminho mais cruel, o caminho da desistência.
E chegaram as duas a casa do Pai.
Baixaram os braços e deixaram-se envolver pela escuridão.
De uns chega a estupefacção e a incredulidade.
- Uma vida boa e estável!
De outros a condenação.
- Pobres coitados que não sabem sentir o pulsar da vida de quem chegou ao fundo e não vê alternativa!
Para outros é a dor da perda.
- E estes são dignos de respeito, pois são os que mais sofrem.
Para elas acabaram-se as dores, os lamentos, as desilusões…
Como conclusão para a nossa catequese, surgiu o tempo da oração, não o da condenação.
Condenar quem?
Porquê?
Com a calmaria e a alegria do sol que sorriu e aqueceu os corações, também o corpo apareceu.
A família readquiriu a dignidade porque agora já pode fazer o luto e efectuar o enterramento.
Que a vida renasça e faça reacender a Luz da Esperança nos corações partidos pela dor.
Para elas a minha oração.
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