Hoje, Rufus, parti à descoberta do rosto de Deus na minha vida.
Inicialmente foi bem difícil. Procurava um rosto diferente e especial, um rosto sorridente e atento, um rosto.
Sabes por que é que se tornou difícil?
A dificuldade estava mesmo na escolha.
E descobri que Deus não tem apenas um rosto. Deus tem o rosto de cada pessoa que se aproximou e aproxima de mim.
Deus tem muitos rostos!
Rostos que constroem cumplicidades e fazem abrir sorrisos de Amor pela alegria do reencontro.
Rostos de amigos e companheiros que não têm vergonha de O dizer e de O mostrar.
Tem o rosto daqueles que se reúnem à volta da mesa para fazer memória.
É então que vejo o Seu rosto mais e mais longe, sobretudo naqueles que se vão cruzando comigo e memorizam, apenas, um sorriso, um estender de mão.
E é por aí, Rufus, que eu procuro o Se rosto no meu quotidiano.
Vou explicar-te porque é que se tornou difícil, como te disse lá atrás.
É romântico, quando se fala de rosto de Deus, ver passar pelos nossos olhos o rosto de todos os companheiros que nos marcaram, daqueles de quem se fala pela sua bondade, coerência e entrega, daqueles que são colunáveis (e lembrei-me de alguns – risos). Nesses é fácil, difícil é a outra procura…
Os indigentes e os deserdados (que palavras pomposas para os que não têm tecto e vivem na rua, para os que assaltam, violam, matam) são quase sempre esquecidos. O difícil é descobrir o porquê.
Sabes, Rufus, a vida para esses é madrasta pois quase sempre perderam o sentido do amor e da partilha.
Ontem, nas notícias e nas estatísticas, ouvi falar de suicídio. E é nesses, Rufus, que desistiram e perderam o sentido da vida que tento ver o rosto de Deus. Vidas de solidão, de abandono, de tristeza e de desinteresse.
Há bem pouco tempo ouvi alguém condenar um sacerdote por entregar e encomendar ao Pai o espírito de alguém que tinha escolhido a solução extrema e final.
Pobres coitados!
Estão mortos e arruinados por dentro. Não perceberam que é a esses que o Pai tem que acolher mais depressa e com maior carinho pois não conseguiram aguentar a pressão exterior que lhes foi imposta.
Eu penso, Rufus, que aqueles que criticam de forma arrepiante e destrutiva se recusam a ver o rosto de Deus e continuam a querer viver numa igreja bafienta e bolorenta que causa alergias e faz mal à saúde.
O rosto de Deus está à minha volta. Ele pede-me, apenas, que abra os olhos e experimente a alegria da comunhão.
“Conhecem-se pelo partir do pão” e o partir do pão chama-se partilha e comunhão.
“Põem tudo em comum” e este comum chama-se sorriso, estender de mão, ouvir…
“Formavam um só Corpo” e este corpo chama-se Igreja. Igreja que não é igrejinha. Igreja iniciada por Yeshu. Yeshu que deu testemunho do Pai. Yeshu que foi rosto do Pai.
Então, Rufus, por Yeshu que é meu irmão eu pude perceber que o rosto de Deus és tu que me obrigas a “desenhar” esse mesmo rosto e a deixar de ignorar.
O rosto de Deus na minha vida está no rosto de todos, mas todos, os que se cruzaram e continuam a cruzar comigo de modo a que eu saia mais rica, mais verdadeira, mais sábia.
1 comentário:
Quando voce quizer ver o rosto de deus olhe pro espelho,pois disse Deus:Façamos o homem a nossa imagem e semelhança
Enviar um comentário