31/05/2009

Rufus VIII


Ui! Rufus!

Aproxima-se a hora da despedida.

Deixaste obra e uma marca profunda do Espírito que permanece e reinventa a Nova Criação.

Começou bem cedo, quando ainda imperava o abismo e o caos…”…o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas” Gen 1, 2

Este Espírito do desassossego que não se cansa de insistir e “mostrar-se” àqueles que estão desatentos.

 

A Igreja celebra hoje a descida do Espírito Santo, o Pentecostes. E tu escolheste este dia para partir.

Espera só mais um pouquinho.

Já deixaste de ser imaginário. Tornaste-te bem real ao quereres partilhar essa vivência connosco.

Fizeste catequese!

Vivi de forma diferente o tempo pascal.

O tempo da plenitude do amor!

Com a descida do Espírito Santo abriram-se as gargantas, fugiu o medo e partiu-se para o mundo.

É desta maneira que eu entendo o falar línguas entendíveis por todos.

Cada um ouvia falar a sua própria língua, viesse donde viesse.

Os dons do Espírito que fortalecem e tornam um homem capaz de conduzir outros homens. O “rebanho” que é conduzido pelo pastor até aos verdes prados onde têm maiores possibilidades de crescer de forma serena e equilibrada. O pastor que não se cansa de procurar aquela ovelha que se perdeu, a mais amada.

E tudo isto porque se manifesta das formas mais estranhas e impensáveis: é o vento que ora sopra de forma doce e suave, ora assobia aos ouvidos dos mais distraídos; é a pomba que voa lá do alto, vinda não se sabe de onde, mas que paira e permanece intocável; o fogo que aquece mas não consome, o fogo trazido pelo vento e se espalha sobre cada um na forma de línguas; é o sonho que mostra o melhor caminho quando tudo parece impossível; é o sopro que vivifica os “cadáveres”, homens mortos, fechados e insensíveis que se tornam carne viva e desassossegadas.

Este Espírito que liberta tudo e todos. Como se diz na catequese: os oprimidos, os que sofrem, … Pois, os que se sentem prisioneiros de uma qualquer vontade, ou falta dela. Os que estão desintegrados no seu próprio ambiente, seja ele qual for. Os que se deixaram escravizar pelos espíritos impuros ou menos dignos. Os que invertem os papéis e se deixam envolver por outros heróis ou “heroínas”.

O Espírito que age e agiu em ti, Rufus.

É neste contexto que se começa uma nova era, a dos dias insignificantes… os dias do envio em que tudo surge ao contrário dos fins a que se destinavam: “as lanças que se convertem em podadeiras, as armas que se tornam arados e os oprimidos que são libertados.”

A esta acção do Espírito podemos afirmar que Ele agiu e continua a agir no decorrer dos tempos.

Estava presente antes do Homem se ter feito Homem e agiu nele.

O Homem que se deixou envolver e consumou o sonho de Isaías.

O Homem que voltou a viver pela acção directa deste mesmo Espírito.

Sabes, Rufus, a catequese de ontem, com os adolescentes, foi sobre o Amor.

Falamos de amor físico/entrega. Do amor partilha e amor no Espírito. Do amor que não é cego e vê as imperfeições. Do amor respeito e do amor compreensão.

Custou-lhes a perceber.

Para eles o amor só é suposto ser físico.

Tantas confusões e tantas telenovelas.

 

E chegou a hora!

Ensinaste-nos a reviver a partilha em comunidade.

Vais partir, mas não nos deixas órfãos.

Transmitiste-nos um grande legado. O legado do Espírito vivo que mexe e agita o mais íntimo de nós próprios e não nos deixa indiferentes.

Depois de teres feito connosco a memória da tua fé e de nos teres dado conta dos teus anseios, lançaste por aqui a semente que já está a querer despontar.

Agora partes. Eu sei que vais até à Hispânia e aí, irás ficar bem mais perto de nós.

Continuaremos a conversar.

Continuarei a dar-te notícias e, como é bom dizer:

Até sempre

Espero por ti.

 

 

1 comentário:

mila disse...

Gostei desta frase: "Vais partir, mas não nos deixas órfãos."

Um abraço companheira!