Por que devemos louvar?
Como devemos louvar?
Para quê louvar?
Uf!...
Louvar é um deixar-se encantar sereno, doce e suave que se entranha e desentranha, que flui e reflui e abre as comportas às torrentes agitadas da vida.
A longa história que se deixa apanhar e usar para construir um Eu que caminha para um Tu.
É o limpar a poeira dos olhos cegos que se deixam envolver pelo tempo que estagnou e se esqueceu de correr no seu curso sem sentido.
Então, o que é louvar?
É um conhecer e conhecer-se.
É um abrir portas e deixar o coração voar nas asas de uma gaivota e cujo destino eu bem conheço e quase sempre afasto dos meus olhos cansados e do meu corpo dobrado sob o peso de mim mesma e que teima em não querer endireitar-se.
É um sentir-se, sentindo a alegria da liberdade trazida pelo sabor do vento que incomoda e desinstala os saberes feitos e pré-concebidos de uma história que está por acabar.
Louvar é o deixar-se ir na corrente do ribeiro de águas cristalinas e cantantes que alegremente buscam a foz do dever cumprido.
É o deixar-se encantar pelo canto de louvor dos pássaros por uma existência de luta pela sobrevivência e que nunca se esqueceram de alegrar os dias com os seus trinados cadenciados, por vezes estridentes, porque se sentem atraiçoados pela voracidade daqueles que semeiam sementes de asfalto.
É deixarmo-nos acontecer.
Tornamo-nos importantes porque nos tornamos nós próprios. A nossa pequenez transforma-nos em gigantes, porque somos história e temos história.
A história a acontecer.
A história no seu devir que é história de vida passada, presente e futura.
E transformamo-nos no rio que alegremente vai passando e gritando:
Eu sou história!
Eu sou a salvação!
Eu sou a história da salvação!
E temos tempo…
O tempo que passou
O tempo que é.
O tempo que há-de vir.
E surge a intemporalidade…
O tempo deixa de ser lógico, para se transformar em memória e esperança.
O passado e o futuro.
O passado e a esperança.
Agora compreendo!
X + Esperança = Mudança
Sem memória não temos esperança, porque esta assenta no tempo passado que se projecta para o tempo futuro, para a mudança.
Agora deixei que se abrissem as janelas da vida e sinto-me disponível para contemplar o meu passado para, de coração aberto, poder louvar e dizer Tu.
Deixei de ser eu, passei a ver o TU.
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