17/10/2009

Deserto


Que grande deserto!
Que grande travessia!...
Está difícil gerir esta “solidão” e apagar a sede da jornada.
Mas… já começou.
Meti pés ao caminho e fui encontrar-te lá no princípio onde a brisa da tarde refresca e ajuda a saborear os prazeres que me concedeste.
E começo a beber!
Beber e saborear palavras de encanto e encantamento que paulatinamente vão retirando o peso que verga e obriga a olhar, apenas, para o chão.
E reaprendo o teu jeito.
O teu jeito da alegria e da vontade de re-viver e de re-nascer.
É um começar de novo.
Sabes, quase me fechei ao teu diálogo. Considerei-me inferior e subalterna.
Emergem as dores, as raivas e a revolta.
E volto a re-aprender a tua lógica que é tudo menos subalternidade, mas de pares.
Pares que se gostam, que se dão, que se entregam, mas não totalmente.
Estes pares que gostam de se mirar no espelho dos outros, qual Ícaro encantado com a sua própria imagem, e que, quase sempre, os mostra desfocados ou alterados.
A tua Lógica é a do coração, do Amor que se sacrifica e plenifica, pois aceita as consequências dos seus actos.
Tu criaste-os Homem e Mulher à tua semelhança para serem como tu.
Mas… esqueceram-se de Amar sem reservas e foram infiéis.
Esta quebra de fidelidade radica então na sua própria fuga:
- cerram os olhos, não vêem.
- fecham os ouvidos, não ouvem.
- colam os lábios, não falam.
E tornaram-se mais libertinos que livres.
Desaprenderam o diálogo.
Fecharam-se ao outro.
Tornaram-se egoístas.
Aí radica, então, a tua luta por nós. Nunca desistes.
Nós continuamos a desistir e a ignorar.
E tu continuas fiel a um compromisso tantas vezes rompido de forma unilateral e… não és tu que o rompes…

2 comentários:

A. Brás disse...

Belo poema! Parece um salmo bíblico.
A condição humana no que tem de mais nu e de mais cru.
Força. Ânimo!

Taniinha disse...

Pode ser uma simples pessoa, mas os seus textos são simplesmente divinais.