15/02/2010

Aprofundar a confiança em Deus e renovar a nossa coragem


A propósito do Encontro Ibérico de Taizé foi-me pedido que pegasse na Carta da China e lançasse pistas de reflexão aqui na paróquia no o título que está em cima.Tremi, mas deixei a voz sair como se nada se estivesse a passar. Sei que os grupos pegaram na minha partilha e lançaram-se ao trabalho, não se apercebendo, sequer, que estava na hora do almoço. Convidei-os a deixarem-se abraçar pelo Espírito e partirem ao encontro do Pai. A minha paróquia é de acolhimento e temos cá cerca de quarenta jovens que trocaram o Carnaval pela oração, pela partilha e, mais que tudo, pela meditação.


Confiança!

Onde procurar/ter confiança?

Como ter confiança perante a realidade que é a vida?

Como agir?

· Solidariedade

· Ajuda

· Disponibilidade

O que é a confiança?

É só confiar?

Confiar como?

Confiar em quê?

Confiar em quem?

Fala-se em abstracto num Deus que age e actua em nós:

· Como, se não o vemos?

· Como, se não o sentimos?

Deus sente-se, nós é que O queremos ignorar.

Temos, contudo, uma certeza: Deus está e está cá. Deus está presente.

Este encontro tem como frase chave “Vem às fontes da alegria

Para mim é uma alegria saber que este Deus, que é Pai, se manifesta das maneiras mais impensáveis que se possam imaginar.

Diz-nos o profeta Isaías que aqueles que confiam “Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer.”, isto é, “renovam as suas forças”.

Temos uma certeza:

- Deus ama cada um e cada uma como é e não como parece.

Mas, aqui há um perigo: pensar num Deus controlador e manipulador.

Não, este Deus dá-nos liberdade de agir, de ser e de pensar. Este Deus dá-nos liberdade e liberta-nos. É um Deus que cuida, mas deixa crescer. Um crescimento sereno que nos dá asas para voar. É nisto que reside a confiança.

· Confiança para aceitar o caminho;

· Confiança para viver a vida e para a compreender.

Há uma expressão que se usa bastante e que diz: “É a vontade de Deus”, para a dor e para o sofrimento, porque Ele castiga… no evangelho de João, ao trazerem o cego de nascença, os discípulos perguntam:

“Rabi, quem foi que pecou para este homem ter nascido cego? Ele, ou os pais dele?” Jo 9, 2. Coitados, também estavam cegos!

É um erro ver a doença ou o infortúnio como um castigo!

E é nesse momento que devemos confiar mais nEle. Não com piedadezinhas, mas com coragem para lutar contra a adversidade.

“Só se confia em quem se ama”!

E o amor constrói-se e alimenta-se:

· Na eucaristia

· Na catequese

· Nos grupos de oração e de estudo

· Na atenção que somos capazes de prestar ao meio que nos rodeia e que não conhece a paz

· Nos doentes e nos excluídos que vivem em solidão

· Nos que não têm esperança

· Nos que não praticam a fé.

Esta coisa da fé é como um bebé que se alimenta e que se acarinha e que se vê crescer.

Se por qualquer motivo pára o crescimento, torna-se um anão. A maior parte dos nossos cristãos são como anões pois ficaram satisfeitos com a catequese que adquiriram, muitas vezes apenas de dois anos, outras de seis e não mais a deixaram crescer. E afirmam: “Eu cá tenho a minha fé, não preciso de mais nada!”

Os namorados, à medida que se vão conhecendo, vão construindo o amor que os torna cúmplices.

A fé é um ou uma namorada que se vai construindo e crescendo, qual ribeiro que desagua e se mistura com o rio que é Deus.

Então, devemos deixar actuar o Amor de modo a renovar a nossa coragem.

Nós vivemos o tempo do Espírito e, como tal, devemos deixar-nos envolver qual brisa suave que sopra e refresca o pensamento, muitas vezes atormentado, e cheio de desalento que não nos permite ver com os olhos do coração.

Deixar-se envolver é readquirir vida e confiança em si, no outro e em Deus que é Papá/ABBA.

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