05/10/2010

Regresso

Muitos dias depois quero retornar e voltar a escrever.
O silêncio foi sentido e consentido. Houve necessidade de arrumar as ideias e fazer uma paragem sabática.
Foram dias de solidão e introspecção em que o arar da terra tem sido cansativo e até, por que não, doloroso.
Na escola, quando não brinco, o trabalho e as canseiras adensam-se. Continuo como coordenadora de departamento. Este cargo tem que me manter atenta e desperta para atalhar em todos os campos. As reuniões desdobram-se… Conselho Pedagógico, CCAD (Comissão para a Coordenação de Desempenho), departamento, grupo e equipas de trabalho. A anterior ministra de educação “pensou” que os cargos devem pertencer aos professores mais velhos e com mais anos na carreira, porque têm mais experiência e…, são estes, que têm menos horas lectivas por causa da idade, que devem ocupar horas que não estão incluídas no horário em longas reuniões, de modo a que a escola funcione e que uns dêem mais a cara que os outros.
É verdade que a equipa directiva é excelente e, vaidade à parte, como peão intermédio eu seja um da engrenagem. Quando me foi feito o convite para coordenar o departamento, foi-me dito que a equipa tinha que ser de confiança e eu merecia essa confiança. Já sabia o que me esperava: reuniões que duram longas horas, mediadora de conflitos, responsável pela avaliação de docentes de todo o departamento, porta-voz de um dos órgãos mais importantes da escola para um departamento heterogéneo e que congrega em si seis/oito áreas disciplinares diferentes, a saber: História, História e Geografia de Portugal, Geografia, Filosofia, Economia (Contabilidade) e EMR (Católica e Evangélica).
Ao fim do dia o cansaço instalou-se.
Ele é uma das causas do meu silêncio!
Mas… não é o único culpado. Se no regresso a casa as coisas propiciassem o merecido descanso, tudo seria bom.
O fim do dia também tem sido difícil, pois chegam as queixas e os queixumes e a atenção tem que se manter desperta para tudo isso.
Uma coisa é certa! Não me deixei entrar em depressão, mas deixei-me apoderar de um cansaço e desinteresse que doem. Fecho-me na minha concha e, aí, só entra quem eu permito ou quero mesmo que entre. E dentro do meu “castelo”, cego para o exterior, construo o meu eu em relação directa com um Deus que me ouve, me entende, me aceita como sou, me dá colo e me amima.
Tem-se mantido sempre disponível.
Não posso, contudo, esquecer os que também estão sempre presentes e me amimam. Aqueles que, através de uma “certa” comunidade de “gente linda”, me mantêm desperta e com vontade de lutar e vencer a inércia que teima em instalar-se.
Comunidade de companheiros sempre presentes que, quando não pode ser pessoalmente, se tornam presentes através da circulação de mensagens que manifestam o amor e a alegria de sermos um todo em Igreja que se move e que cresce de dentro para fora. Aqui vive-se e sente-se a presença amorosa de um Deus que se fez um entre nós e nos deixou um legado de Vida e Esperança.

1 comentário:

mila disse...

Um abraço!!! :)

Quero-te ver amnhã.