20/08/2006

Almoço

Quando extraímos da Bíblia apenas o que nos interessa, algo está errado.

Hoje tive pessoas de família almoçar cá em casa.
Aquilo que poderia ser apenas um almoço de família, mais ou menos formal, redundou numa discussão, saudável, a propósito das leituras deste domingo e da homilia.
Penso que houve alguma deturpação daquilo que foi dito.
"O padre falou de obediência e submissão". Não vejo onde é que nas leituras de hoje estão presentes estes adjectivos!
Claro que vi logo onde ia chegar a conversa.
"A mulher deve ser obediente e fazer apenas o que agrada ao marido".
Homessa, ripostei, lá fomos a S. Paulo:
Mulheres, sede submissas aos vossos maridos.
Só que faltou a segunda parte:
Maridos respeitai as vossas esposas.
Não podia ficar calada perante isto. No meio de nós ainda impera a mentalidade, enraizada durante séculos, de que as mulheres devem baixar a "bolinha" e permitirem todos os despautérios. Pelo que percebi é isso que se passa lá em casa.
Inquiri: E o respeito não deve ser mútuo? Ou será que é unilateral?
Apontei então a Sabedoria e o convite que nos fez hoje:
Deixai a insasatez e vivereis;
segui o caminho da prudência.
Mas fui mais longe, pedi ajuda a S.Paulo, mais uma vez, citando:
Vede como procedeis.
Não vivais como insensatos,
mas como pessoas inteligentes.

Virou as costas e desistiu da contenda...

Então agradeci a ajuda do Livro dos Provérbios e de S. Paulo, pois foram eles que saíram vitoriosos. Eu apenas me servi das suas palavras.

Claro que fui tendenciosa pois apenas usei o que me interessava usar. O resto? O resto ficou por dizer!
É que Jesus nunca ostracizou as mulheres. Amou-as e escolheu-as para lhes dizer que tinha ressuscitado!

Se Deus é Pai e é Mãe, Jesus não poderia ter nascido mulher?
Eu sei que Jesus tinha que ser homem para fazer passar a mensagem do Pai, caso contrário, ficava em casa à espera do marido...


Ai a sociedade!

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois é ... a educação do filhos(homens) por parte do casal ... começa aí...depois vem a questão da cultura ... é difícil mudar a mentalidade de um dia para o outro ... mas pessoas com um pouco de educação deveriam perceber mais rapidamente do que as outros e adaptarem-se.
Pedir ao padre uma homília sobre o assunto ... mas na missa não teria bom resultado ... pois a maioria são mulheres... talvez noutras festividades...
jma
P.S.: Ainda não colocou informação de que este é o novo blog...

Andante disse...

Olá!
Bem-vindo!
Aqui, neste lugar de eleição o meu tratamento com os irmãos passa mesmo pelo tu.
Gostei de te ver por cá.
E para quando um blog?
Mas cuidado, isto é viciante...
Está a terminar o tempo de lazer e, por isso, tanta disponibilidade para o PC.
A grande verdade/dificuldade reside aí:
- não é o padre na homilia tentar fazer passar a mensagem dirigida a todos, ouvida por alguns e vivida por muito poucos...
Por vexes ouve-se com atenção mas faz-se imediatamente a chamada para o outro, nunca para si próprio. É estão este um novo pecado:
- tu deves estar atento/a e mudar... (este discurso nunca é dirigido a si mas ao outro. É demasiado fazer a introspecção. A culpa nunca é nossa! Ai os Homens que, apesar de já se terem passado tantos milénios, ainda não estão preparados para olhar para o outro, mas olhar-se ao espelho e ver apenas aquilo que querem ver...).
não coloquei. vamos lá ver se o faço. Até agora foi mesmo de propósito.
Um beijo para todos vós, pais e filhos.
Tenho-vos, a todos, no coração.

Paz em Cristo

joaquim disse...

O grande problema, quanto a mim, está na palavra obediência, que é muitas vezes mal entendida, sobretudo nas "coisas" de Deus.
É que para uma grande parte de nós, obediência significa submissão, desistência do nosso pensamento, falta de personalidade, fraqueza, etc. etc.
Ora para mim a obediência de que fala Jesus, de que fala São Paulo,de que fala o Magistério da Igreja, é a obediência do amor, da entrega gratuita, de procurar o bem do outro, porque sabemos que o outro também se entrega, também obedece, também procura o meu bem, porque também ama.
"Ama e deixa-te amar" podia ser um bom lema para o casal.
Por mim tento viver assim o que nem sempre consigo, mas recomeço sempre com a certeza de que só amando posso ser amado.
Abraço em Cristo
joaquim

Andante disse...

Como sempre, Joaquim, disseste tudo de uma forma bem clara e interessante. Vulgarmente apropriamo-nos das palavras segundo as nossas conveniências.
Obediência é o apropriar-se, por parte do/a companheiro/a do "eu" do outro, passando então a vigorar apenasb uma vontade e uma maneira de ser.
Hoje ouvi nas notícias que na China há um mercado de casamentos, onde se oferecem qualidades e outros atributos, buscando o parceiro "ideal", segundo os parâmetros de quem quer fazer o negócio. Só que a peça terminava com o dito jocoso: "quando se abre o pacote, as mais das vezes, o que se encontra é decepcionante". Ali busca-se um determinado padrão e um modelo que já está esteriotipado dentro da cabeça de quem pretende fazer uma aquisição.
Onde podemos então encontrar a obediência do amor?
Essa é a da liberdade, do respeito mútuo, do saber abrir e respeitar o espaço de cada um.
Aqui entra o compromisso, o amor, a entrega e a fidelidade que nem sempre é entendida como fazendo parte do respeito e do amor que o Pai nos merece.
Eu conheço melhor outro slogan:
Ama e ama-me.
Sem comentários pois iria entrar por terrenos que não quero e que me fazem sofrer...
Continuo a amar sem reservas e a pedir ajuda sempre que ando mais baralhada!

Paz em Cristo