15/09/2006

Encontros e reencontros

Já nos conhecemos!
Iniciou-se o ano lectivo.

Alguns estavam apreensivos, outros respondões...

Alguns já tinham sido meus alunos (reprovaram, algures, num desses anos que estão para trás), foi o reencontro, o dizer olá.
Outros e outras entraram a "matar". Mascar pastilha elástica, telemóvel a tocar, risos e "bocas". Comentavam ou faziam eco de tudo o que eu dizia.

Indiquei as regras do jogo:
Chapéu na sala de aula, nunca, pois além de não mostrar muito respeito é um atropelo às regras.

Pastilha elástica, nunca. (Aqui um, dos que tentaram apertar-me o pulso, pôs uma pastilha no caixote e colocou outra na boca, claro que teve o mesmo caminho da anterior...)

Telemóvel sempre em silêncio, sem tremuras, ou desligado. (Ironia do destino: acabei de dizer isto e, tumba, o meu "animal" tocou. Que vergonha! Já os tinha informado de que não estava desligado, tinha-me esquecido. O Espírito Santo veio jogar às escondidas comigo. Aproveitei, então, para na frente deles o desligar. Ficou o mau e o bom exemplo...)

Faltas? Nem vê-las (claro que estas não são umas faltas quaisquer, estas são as faltas por desinteresse. Argumento: Não quero ter muito trabalho nem sentir a vergonha de convocar os Encarregados de Educação para lhes transmitir notícias desagradáveis. Pode ser que resulte, visto que há lá uma jovenzita de dezasseis anos que foi excluída por faltas na ano transacto. Estou a tentar jogar com os argumentos deles...)

Por fim, o mais importante, dirigido àqueles e àquelas que estão lá porque são obrigados pelos pais ou pelas leis em vigor que mandam accionar o processo de abandono escolar junto do Tribunal de Família e são obrigados a regressar à escola acompanhados pelas forças de segurança.
Disse-lhes assim:
Não gostais da escola, apenas dos intervalos.
Então, sede inteligentes (isto é jogada, risos). Despachai isto bem depressa. Estais no ano terminal. Estudai, porque no próximo ano estais a fazer aquilo que quereis - trabalhar.
Quanto mais depressa acabardes, mais depressa ides embora.
Espero que resulte!...

Um dos que mais falava entre dentes, deu-se mal, pois obriguei-o a repetir alto o que dizia baixinho. Preferiu "falar" por gestos. Trazia vestida uma T-shirt onde entre outras se lia a palavra puta. Sentou-se no lugar da frente para provocar. Ignorei. Passou então ao ataque exibindo-a e chamando a atenção dos outros para a palavra. Ignorei. Fico à espera da próxima vez. Vou envergonhá-lo sem o ridicularizar. Se me entrasse noutra situação que não esta dir-lhe-ia, só a ele, algo que o impedisse deste exibicionismo.

Havia ainda os tímidos e amedrontados que apenas abanavam a cabeça e tudo seguiam com os olhos.
É com esses que tenho que ter os maiores cuidados.
São os mais novos, os que querem imitar os mais velhos pois pensam que só assim se farão notar.
Estes são os pardalitos e as avezinhas que estão a ensaiar os primeiros voos da afirmação. Tenho que lhes dar colo e mimo, muito mimo.

Depois disto, fui buscar o carro novo...

Ah! É verdade.
Hoje damos início aos encontros semanais do grupo de jovens da paróquia.
O grupo chama-se Nahar (rio em hebraico) e, segundo palavras deles, quer ser um rio de águas límpidas a correr para os braços do Pai.

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