05/07/2008

ainda são quatro da tarde!

O relógio não pára!

São quatro da tarde!

O silêncio do bosque, a brisa que o atravessa e atravessa os nossos corações, as aves que descansam do afã do início da manhã. De vez em quando lá passa uma mais distraída a chamar a nossa atenção para a alegria de viver!

Os melros deixam ouvir os seus trinados, umas vezes melodiosos, outras estridentes e zangados, a chamar a atenção dos filhotes que se recusam a voar.

Têm medo!

Nem sempre lhes basta a confiança do Pai que, cheio de ternura, não deixa de lhes dar aquele empurrão gostoso que os lança para a Vida!

E é Vida tornada Reino!

E é Reino tornado Amor!

E é Amor tornado Confiança!


Dizia-nos o Rui, que “… o Reino é a maneira de viver de Jesus…

Que modelo tão bonito e tão difícil de seguir.

Então, é necessário conhecer Jesus.

Não, não é o homem da História, nem tão pouco a imagem que nos deram dele.

Jesus Vida Re-suscitada, plenificada pelo Abba.

Jesus combativo e amoroso, deixando escoar pelos dedos, de forma pegajosa, toda a raiva que sentia pelos instalados, donos da sabedoria e do saber que olhavam de alto e de lado para “os pobres publicanos”, destituídos desse saber, de sentimentos, de vida, enquanto Ele, Jesus, ardia de Amor por eles mesmos, só porque eram destituídos de um certo saber forjado, estavam cheios de sentimentos plenificados na gratuidade desse Amor e da Vida que lhes era concedida sem reservas e sem media.

Este Jesus que chorava, ria, construía e ia a caminho.

É aqui que me quero deter.


Jesus ia a caminho!


E é então, neste ir a caminho, que eu o quero saborear, sentir e, até digerir.


Hoje já falamos em duas festas:

- a festa dos convidados sem tempo;

- a festa do filho que regressou, também poderíamos falar das festas da ovelha re-encontrada e do dracma re-aparecido


Na primeira festa, a do grande banquete, só a partilharam os proscritos, os abandonados, os pagãos, os pecadores. No entanto, a festa foi sempre esó e apenas para eles. Já estava decidido há muito. Os sábios, de coração cheio, não têm onde arrecadar a ternura e os afectos. Não têm tempo. Estão sempre atarefados e com mil e um compromissos que lhes fecham os olhos para a cosmicidade em que vivem. Estes esquecem-se de perceber a alegria do Reino, a Vida do Reino. Só têm olhos para o seu próprio umbigo.


A festa do filho que tornou a casa é a Festa desse Reino plenificado no abraço carinhoso e acolhedor do ABBA.

Esta é a Festa da disponibilidade que conduz à orgia dos sentidos e dos sentimentos.

É a luta da dualidade:

- perdão/inveja;

- alegria (regresso) /construção (acolhimento).

Desta maneira simples, entendo e pretendo construir o Reino.

Ao ser acolhido, o filho, saboreou a alegria do perdão que, além de dar alívio, faz-nos sentir em Casa.

A alegria do perdão pelo reencontro, pela descoberta da vitória do Amor, ainda mais forte e intenso, apreendidos pelo abraço, carregadinho de afecto, que catapulta para a Re-construção deste Reino tão cheio de avanços e recuos, porque somos imperfeitos.

Neste Re-encontro sentimo-nos mais confortados porque sabemos que é esta a disponibilidade do Pai.

E o outro irmão?

Eu sou mais ele…

Embora estando sempre presente, não aceitou com bons olhos o acolhimento efusivo do Pai por aquele que tinha preferido a vida mais fácil, levado pela facilidade da vida. E enganou-se!

Sendo muito certinha, não estou a crescer… por isso, manifesto a minha ira e a minha vingança, porque não estive atenta aos sinais.

Não quero entrar pela culpabilização fácil, quero assumir aquilo que sou e que gostaria de não ser!


Então, de forma amorosa, ensinas-nos o caminho.

As regras da vida, de vida e para a vida que estão “chapadas” nas Bem-aventuranças.


Simplicidade.

Amor.

Tolerância.

Escuta.

Disponibilidade.

Atenção.

Lisura.

Luta.

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