03/08/2008

E pensei!

Acabei de ler mais um livro. Este nem era muito volumoso.

Mais um romance histórico escrito por um autor português, José Manuel Saraiva, com o título “Aos olhos de Deus”.

Está bem escrito e faz-nos um relato da vivência tanto na corte portuguesa como na “corte” papal dos tempos do rei Venturoso e do papado de Leão X.

É asqueroso sentir o quão corruptas eram as sociedades, ditas altas, e o quão miseráveis eram aqueles que trabalhavam, fossavam e viviam à sombra.

Sociedades licenciosas, e nojentas.

À medida que ia avançando na leitura, ia reflectindo sobre os tempos.

Tempos de comportamentos dissolutos, de simonias, de estratagemas para conseguir levar em frente as atitudes menos dignas de “um fiel seguidor de Jesus Cristo, Nosso Senhor”.

A Igreja vende as bulas para “comprar” o céu e a salvação, não importando a crueldade das atitudes. Compra-se para apagar o pecado da carne, para apagar um assassinato, para…

Cada vez mais penso que foi com dinheiro sujo que se construiu o “símbolo” de todos os cristãos para se tornar sede do papado.

Foi com dinheiro sujo, cupidez e ganância que D. Manuel quis deixar boquiabertos de espanto, aqueles a quem tal era destinado e os que puderam admirar a sua passagem pela cidade, devido ao esplendor da sua embaixada, onde constava um pobre elefante e uma onça, animal feroz, caçador e mortífero.

Pobres diabos que não perceberam e deixaram-se abar perante a magnificência de tal oferta. E o mais encantado era mesmo o Papa, homem sedento de poder e de dinheiro.

Como narra o livro, a presença dos portugueses em Roma foi um manancial para prostitutas que se vendiam a troco de chorudas quantias que lhes iriam permitir uma vida mais desafogada.


E pensei!

Pensei nesta Igreja que tem sido tão maltratada e sempre consegue sobreviver.

Pensei nesta Igreja que se deixa vencer pelo sopro do Ruah, refrescando-a e tornando-a mais viva e mais forte.

Pensei no Resto Fiel que ao longo dos séculos a vai abanando, incutindo-lhe um novo sabor e uma nova alegria para a fortalecer.

Pensei na vontade que eu tenho de a servir e participar na construção deste Reino sempre novo e cheio de atractivos para o seguir.

E pensei que quero ser um corpo vivo que partilha esse grande corpo cuja cabeça é Jesus.

1 comentário:

Ver para crer disse...

Muitas vezes já ouvi dizer que a existência da Igreja é um milagre. Porque o pecado sempre a rodeou mas ela consegue vencê-lo e prosseguir.
Ela é santa e pecadora. Como o campo de trigo e joio de que fawla o evangelho.