26/08/2008

Salmo 13

Hoje quero debruçar-me no salmo 13, Súplica confiante.

Até quando, Senhor? Esqueceste-me para sempre?
Até quando me esconderás a tua face?
Até quando terei a minha alma em cuidados,
e o meu coração em angústia, todo o dia?
Até quando triunfará o meu inimigo sobre mim?
Olha para mim e responde-me, Senhor, meu Deus.
Ilumina os meus olhos para não adormecer na morte.
Que o meu inimigo não diga: «Venci-o!»,
nem os meus adversários se alegrem com a minha queda.


Eu, porém, confiei na tua misericórdia;
o meu coração alegra-se com a tua salvação.
Cantarei ao Senhor pelo bem que Ele me faz.



Esta é uma oração que sai lá do fundo.
Penso que em resposta às questões levantadas pelo autor, não foi Ele que o esqueceu, mas o próprio autor que O tirou da sua vida.
Ele é o seu inimigo pois não sabe, ou não quer, vencer os seus próprios medos nem as angústias que o atravessam.
Esta é muitas vezes a nossa oração, feita de questões sem esperar respostas. Feita de pedidos que nada têm a ver com a construção de um certo Reino.
Quantas vezes nos fechamos sem ouvir a voz do Abba que nos sussurra ao ouvido, sem sentir a brisa doce e suave do Ruah, sem atentarmos na vida do próprio Yeshu que sem medo enfrentou aqueles que não ouviam, não sentiam, não atentavam nos irmãos que estavam mesmo ao seu lado.
Fazemo-nos indiferentes para não sermos incomodados, pois não vendo não nos preocupamos.
Ao contrário do que diz o autor na parte inicial do salmo, Ele está atento e ouve-nos, mas… não interfere. Dá-nos total liberdade para nos construirmos, para fazermos, para sermos.


Contudo, o autor diz-nos da sua confiança na abertura à salvação, ele que se alegra pois sabe que a tem mesmo ali ao lado da mão.
O inimigo de que nos fala o poema está dentro de nós, tolhe-nos e não nos deixa prestar atenção à beleza que nos rodeia, nem aos sussurros que nos chegam aos ouvidos e para os quais temos que estar despertos.


Ah! Senhor! Deixa-me ver o Teu rosto nos rostos mais sofridos que me rodeiam, naqueles que perderam a esperança de Te encontrar, nos desesperados da vida.
Quero correr de braços abertos para Te sentir aproximar pela mão do vento, pelas lágrimas da chuva, pela voz do trovão.
Quero enlaçar-Te, qual amante desesperada pelo Teu amor entrega.
Quero partir à desfilada e gritar bem alto:
Estou aqui porque Tu estás aí para me deslumbrar.

1 comentário:

Paulo disse...

Por vezes sinto que, não O esquecendo, parece que Ele se esqueceu de mim.:(