07/04/2009

Rufus II




Tenho que continuar a conversar contigo, Rufus.
Ontem não cheguei a dizer-te mas, tal como tu, estou a fazer a minha caminhada catecumenal. Também tenho altos e baixos, mais baixos que altos, e momentos de grande desânimo e desalento.
Procurei-te e só te encontrei há pouco mais de dois anos.
Tinha “15 anos” estendidos por várias décadas em que procurava e não encontrava. Tempos de expectativas e poucas respostas. Sabes, faltavas tu para eu começar a entender e a perceber, de forma definitiva, a minha ignorância.
Queria descobri-Lo, senti-Lo, vivê-Lo e… nada.
Apenas palavras muito bonitas de tão vazias!
Sossegavam-me o espírito e alimentavam a minha raiva.
Definitivamente não avançava.
Sinto agora que era mais um fariseu que, de espada em riste, estava sempre pronta a atacar.
A mim, aplicava-se bem aquela expressão do Mestre:”sepulcros caiados de branco”.
Sabia tão pouco!
Ainda não sei nada.
E estou ávida de saber mais.

Agora é sobre o Baptismo. O Baptismo com água que se quer transformar em Baptis-mo no Espírito.
E desces.
Não com a forma de uma pomba anunciadora da paz que um dia o Pai fez com os seu povo.
Desces e aproximas-te pela brisa suave e doce que sopra pela tarde. A brisa que refresca e aquece. Sinto-me envolver pela Luz e pela Alegria da Ruah.
O sopro do beijo que inala vida, força e coragem.
O sopro do beijo que ensina a respirar e a respirar-te.
Estou preparada para beber os teus ensinamentos, Rufus.
Aqui, na Hispânia, serás bem acolhido, pois é aqui que queremos viver como tu vives-te: uma fé viva e informada que, porque é assumida de forma informada, porque é assumida de forma consciente, por vontade própria, nunca chega por uma imposição qualquer.
Deixei de pensar como pensei ao longo de séculos, sobretudo os medievais, “é porque é!” para pensar por mim e passei a ignorar aqueles que me querem impor os seus próprios pensamentos e conceitos. Descobri que é a minha vontade que tu queres e não a vontade que me é imposta. Percebi que quero ser eu e nunca mais ser um roberto que é tocado e mandado pelo seu dono para fazer rir ou chorar.
Entendi que o caminho não é recto, mas sim, é o horizonte que está em linha recta.
Agora só quero escutar-te para poder, eu própria, transmitir a história da verdade que é salvação.
Quero aprender e apreender que o Novo Nascimento é o que vale mesmo a pena, pois só assim o Homem Velho dá lugar ao Homem Novo. E o Homem Novo é aquele que está vestido de branco, lavado e re-nascido. É aquele que quer ser re-suscitado pelo poder e pela vontade do Pai.
Como tu, Rufus, quero fazer memória do meu próprio Baptismo, para poder viver com a Mariana o seu próprio Baptismo e, no Pentecostes (cinquenta dias ou quarenta e nove dias mais um ou, ainda, a plenitude, 7x7+1) saber transmitir aos catequizandos do 10.º ano a força do Espírito e a alegria da Ressurreição.

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