Andava a adiar a visita!
Desde Dezembro que as coisas me bailavam cá dentro, até sonhava...
É uma grande amiga, mas muito sofrida.
A ela devo a regularização da minha vida profissional.
Depois de muitos anos de ensino num estabelecimento privado, resolvi dar o salto e enveredar pelo ensino público.
É verdade que só então as coisas se compuseram e eu adquiri condições para isso.
Dava aulas ao primeiro ciclo.
Quando tive que escolher e decidir o futuro, apenas duas vias, sempre no ensino, me seduziam: ser Educadora de Infância ou professora de História.
Não consegui, por motivos que agora não interessam, ser nem uma coisa nem outra.
Dediquei vinte e três anos ao ensino básico, primeiro ciclo.
Depois de muito espicaçada, por uma inspectora, regressei aos bancos da escola e licenciei-me, com estágio e tudo, em História. Fiz o curso certinho e, a trabalhar, a cuidar do filho e do marido, nunca deixei nenhuma cadeira para trás.
Finalmente consegui abraçar uma das minhas paixões e fazer algo de que realmente gosto.
Ainda continuei no colégio por mais um ano, mas logo a seguir, concorri e entrei no sistema como professora contratada.
Conheci esta amiga no meu segundo ano de contratada, quando fui colocada numa escola a mais de cinquenta quilómetros de casa.
Ia e voltava todos os dias, pois a distância não é significativa.
Ela também é professora de História. Também leccionou no ensino privado. Só que ao contrário de mim, deu sempre a disciplina que para muitos é tão maldita como a Matemática.
Na altura dos concursos e prevendo-se que iríamos continuar como contratadas, obrigou-me, é verdade que me obrigou, a concorrer para a Madeira. Como eu hesitasse, já tinha martirizado a família durante o tempo do curso e, sobretudo, do estágio, preencheu os papéis e obrigou-me a assinar. Para ter a certeza que os papéis do concurso seguiam, foi ela entregá-los.
Construímos uma grande amizade, carregada de ternura e muita cumplicidade.
Ficamos bem colocadas. Ela tinha o número um e eu o número dois. Havia hipótese. E eu tremia, pois não tinha dito nada em casa. Estava a correr um grande risco...
Foi até à Madeira e falou com a pessoa certa.
Ficou decidido: Santana, para ela; Porto do Moniz, para mim.
Tentei não ir. Andava nervosa e chorava por tudo o que era canto.
Fui à DREN.
Escrevi para a Madeira.
Tens que ir.
Ela não foi.
Conseguiu o destacamento.
Como doente oncológica ficou numa escola bem perto de casa.
Já tinha sido operada duas vezes e feito várias sessões de quimioterapia e radioterapia.
A experiência da Madeira foi bastante positiva. Passei lá um ano no meio do imenso verde da laurissilva. Percorri, a pé, algumas levadas. Construí algumas amizades.
Já tenho saudades, mas não sei quando poderei lá voltar. As coisas agora estão difíceis...
Voltando à minha amiga.
Só leccionou esse ano e o seguinte. Depois, reformou-se.
Entretanto voltou a ser operada.
Desta vez foi em Paris, cá já não arriscavam mais.
Voltou à quimioterapia e passou a deslocar-se regularmente a Madrid para prosseguir o tratamento e a vigilância.
A partir de Dezembro, as coisas entraram num caminho sem retorno.
Quando lá cheguei, reconheceu-me, o que já não acontece muitas vezes.
Estava cansada e à minha espera!
Presentes estavam o marido e um dos filhos.
Brinquei, fiz-lhe muitos mimos e dei-lhe muitos beijos.
A visita apenas durou cinco minutos.
Foram cino minutos cheios e muito intensos.
Quando saí, pude conversar com o marido e o filho.
Fiz muitas perguntas e ele disse-me:
O que havia a fazer foi feito.
Agora não há mais nada a fazer.
Expliquei-lhe a situação cá de casa que também não está fácil e assumi o compromisso de estar mais presente durante este período que se aproxima.
Quando cheguei ao carro deixei abrir as torneiras e chorei intensamente.
Fui à igreja e coloquei-a, mais uma vez e de forma mais veemente, sobre o altar.
Como já tem dificuldade em se movimentar, ajudei-a a subir para melhor O sentir e O abraçar...
É uma grande amiga, mas muito sofrida.
A ela devo a regularização da minha vida profissional.
Depois de muitos anos de ensino num estabelecimento privado, resolvi dar o salto e enveredar pelo ensino público.
É verdade que só então as coisas se compuseram e eu adquiri condições para isso.
Dava aulas ao primeiro ciclo.
Quando tive que escolher e decidir o futuro, apenas duas vias, sempre no ensino, me seduziam: ser Educadora de Infância ou professora de História.
Não consegui, por motivos que agora não interessam, ser nem uma coisa nem outra.
Dediquei vinte e três anos ao ensino básico, primeiro ciclo.
Depois de muito espicaçada, por uma inspectora, regressei aos bancos da escola e licenciei-me, com estágio e tudo, em História. Fiz o curso certinho e, a trabalhar, a cuidar do filho e do marido, nunca deixei nenhuma cadeira para trás.
Finalmente consegui abraçar uma das minhas paixões e fazer algo de que realmente gosto.
Ainda continuei no colégio por mais um ano, mas logo a seguir, concorri e entrei no sistema como professora contratada.
Conheci esta amiga no meu segundo ano de contratada, quando fui colocada numa escola a mais de cinquenta quilómetros de casa.
Ia e voltava todos os dias, pois a distância não é significativa.
Ela também é professora de História. Também leccionou no ensino privado. Só que ao contrário de mim, deu sempre a disciplina que para muitos é tão maldita como a Matemática.
Na altura dos concursos e prevendo-se que iríamos continuar como contratadas, obrigou-me, é verdade que me obrigou, a concorrer para a Madeira. Como eu hesitasse, já tinha martirizado a família durante o tempo do curso e, sobretudo, do estágio, preencheu os papéis e obrigou-me a assinar. Para ter a certeza que os papéis do concurso seguiam, foi ela entregá-los.
Construímos uma grande amizade, carregada de ternura e muita cumplicidade.
Ficamos bem colocadas. Ela tinha o número um e eu o número dois. Havia hipótese. E eu tremia, pois não tinha dito nada em casa. Estava a correr um grande risco...
Foi até à Madeira e falou com a pessoa certa.
Ficou decidido: Santana, para ela; Porto do Moniz, para mim.
Tentei não ir. Andava nervosa e chorava por tudo o que era canto.
Fui à DREN.
Escrevi para a Madeira.
Tens que ir.
Ela não foi.
Conseguiu o destacamento.
Como doente oncológica ficou numa escola bem perto de casa.
Já tinha sido operada duas vezes e feito várias sessões de quimioterapia e radioterapia.
A experiência da Madeira foi bastante positiva. Passei lá um ano no meio do imenso verde da laurissilva. Percorri, a pé, algumas levadas. Construí algumas amizades.
Já tenho saudades, mas não sei quando poderei lá voltar. As coisas agora estão difíceis...
Voltando à minha amiga.
Só leccionou esse ano e o seguinte. Depois, reformou-se.
Entretanto voltou a ser operada.
Desta vez foi em Paris, cá já não arriscavam mais.
Voltou à quimioterapia e passou a deslocar-se regularmente a Madrid para prosseguir o tratamento e a vigilância.
A partir de Dezembro, as coisas entraram num caminho sem retorno.
Quando lá cheguei, reconheceu-me, o que já não acontece muitas vezes.
Estava cansada e à minha espera!
Presentes estavam o marido e um dos filhos.
Brinquei, fiz-lhe muitos mimos e dei-lhe muitos beijos.
A visita apenas durou cinco minutos.
Foram cino minutos cheios e muito intensos.
Quando saí, pude conversar com o marido e o filho.
Fiz muitas perguntas e ele disse-me:
O que havia a fazer foi feito.
Agora não há mais nada a fazer.
Expliquei-lhe a situação cá de casa que também não está fácil e assumi o compromisso de estar mais presente durante este período que se aproxima.
Quando cheguei ao carro deixei abrir as torneiras e chorei intensamente.
Fui à igreja e coloquei-a, mais uma vez e de forma mais veemente, sobre o altar.
Como já tem dificuldade em se movimentar, ajudei-a a subir para melhor O sentir e O abraçar...
14 comentários:
Andante, as tuas amigas minhas amigas são. Vou guardá-la no meu peito também e rezarei igualmente.
Hoje estou deprimida e então vim para o computador, abri a internet e sabe-sa lá como, fui parar a um blog que é "Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu".( Para perceberes vais ter de dar uma olhadela). Substituí algumas fotos dos ditos pela minha foto e tudo se enquadrava na perfeição. Gostaria de dizer que o amor de Deus me basta mas não estaria a ser verdadeira. A nossa carne é tão fraca...preciso de beijos e abraços de carne e osso. Não fiques preocupada comigo. Amanhã o sol brilhará, embora turvo pelas lágrimas que ainda nem começaram a secar. Beijo grande
Filó
"Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu" (3).
Beijo
Obrigado, MANA, por ti!
SHALOM
Em oração contigo, pela tua amiga!
Uma historia igual a tantas outras, mas especial num certo sentido...tocou-me.
Andante passa pelo meu cantinho, quando puderes. Deixei um desafio para ti.
Beijos
Situações difíceis.
Mas quem tem fé sabe que isto não é o fim...
Caros amigos,
Salve Maria!
Gostaria de indicar-lhes um novo site católico, o www.defesacatolica.org, e pedir-lhes a gentileza de inclui-lo nos links indicados!
Desde já obrigado!
Amiga, vai ao meu blog, tenho um desafio para ti! Um abraço de coração.
Na próxima sexta-feira, dia 20, realiza-se uma oração de TaiZé pelo Darfur , às 19h45m, na Igreja de S. Nicolau, na Baixa de Lisboa.
Participa e divulga! Se não puderes estar presente, reza na mesma.
bjs em Cristo
Maria João
Fé e Missão (Missionários Combonianos)
O Centro Vocacional Juvenil (CVJ) dos Missionários Combonianos, organiza de 24 a 28 de Julho uma caminhada jovem a Fátima de oração com e pelo Darfur.
O drama deste povo está a aumentar. As milícias continuam a desrespeitar os direitos humanos. Rezem pelo Darfur. E estejam atentos às várias acções de ajuda em http://jovensemissao.blogspot.com.
Maria João
Fé e Missão
(Missionários Combonianos)
Todos os dias venho ao teu cantinho mas...andas tão caladita...muito trabalho, não? ou estás numas merecidíssimas férias? Em qualquer dos casos o importante é que estejas com saúde e na paz de Cristo. Beijo
Filó
É o seguinte o texto por mim enviado à Rádio Renascença sobre a possibilidade da transmissão por parte deles das Laudes e Vésperas. Sugiro que quem assim o entender envie o mesmo ou idêntico, o endereço rp at rr.pt
Ex. mos Senhores
Sendo a Liturgia das horas a Oração oficial da Igreja e não havendo qualquer site na internet ou emissora portugueses que as transmitam, os católicos portugueses, leigos, que as queiram orar em Comunidade não tendo possibilidade de recorrer a Mosteiros ou raras paróquias, o fazem na net: radio Esperance http://www.radio-esperance.com/20.0.html#806 ou na Tv http://www.ktotv.com/offices.php3, venho "propor" que num gesto pioneiro em Portugal a RR comece a transmitir de Mosteiros (por exemplo Singeverga ou das Irmâs Clarissas de Monte Real, são apenas exemplos) as Laudes e Vésperas, pelo menos.
Fica a sugestão
Abraços fraternos
Ana Loura
Fazes-me-me tanta falta, amiga...mas fico bem se souber que estás bem. Beijo grande
Filó
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